Scott Weiland foi um dos símbolos do rock alternativo noventista como membro da banda Stone Temple Pilots, além de participar do supergrupo Velvet Revolver, ao lado de Slash, Duff McKagan e Matt Sorum, ex-membros do Guns N’ Roses.
Dono de uma voz forte e original, personalidade marcante, arregimentou fãs de ao menos duas gerações de fãs de rock n’ roll com extremo talento, tendo sido mais uma vítima do abuso de drogas pesadas.
Nascido Scott Richard Kline, em outubro de 1967, o sobrenome de um dos mais emblemáticos vocalistas do rock na virada do milênio mudou para Weiland quando ele foi adotado aos cinco anos de idade.
Seu envolvimento com a música começa na adolescência quando muda para San Diego, na Califórnia, mesma época e lugar que começa seus problemas com drogas e que o assombrariam por toda a vida.
Ainda adolescente ele é levado para sua primeira reabilitação por abuso de álcool e cocaína, encaminhado ainda pelos pais.
Mesmo como todos esses problemas, Scott Weiland sempre foi um dos grandes vocalistas de sua geração, dando voz a clássicos do rock noventista e a supergrupos do gênero, além de uma consistente carreira solo.
Hoje, apresentamos 5 álbuns indispensáveis para conhecer a obra deste vocalista ímpar.
1) Stone Temple Pilots – “Core” (1992)
O embrião do Stone Temple Pilots surge em 1987 com alguns amigos e uma banda batizada de Mighty Joe Young, mas em 1989 já estava rebatizada para a forma que seria famosa.
Ainda em 1989 o Stone Temple Pilots assinava com a Atlantic Records, por onde lançaram seus discos de maior sucesso.
Seu primeiro trabalho, “Core” (1992), é o álbum que contém “Plush” e só isso já bastaria para que ele figurasse nesta lista!
E por esta simples canção este álbum foi pinçado em detrimento do ótimo “Purple” (1994), que viria na sequência.
Além disso, “Core” é o único álbum do Stone Temple Pilots que pode ser rotulado como Grunge, numa formatação muito próxima à do Pearl Jam e do Alice In Chains (que motivou a crítica especializada a taxá-los de cópia simples destes nomes), o que faz de faixas como “Creep“, “Piece of Pie”, “Sex Type Thing” e “Wicked Garden”, além da própria “Plush”, marcos musicais de uma geração, pelas estruturas pesadas em meio às melodias vocais, variando da fúria para a melancolia que parecia se materializar no ar dos anos 1990.
2) Stone Temple Pilots: “Tiny Music… Songs from the Vatican Gift Shop” (1996)
Este foi o álbum que retirou da banda a marca de cópia do Pearl Jam que foi tatuada em sua imagem após o excelente “Core” (1992), muito pelo banho Glam Rock que o Stone Temple Pilots deu em sua formatação Grunge suja, despojada, maliciosa e envolvente.
Construída sobre belíssimos timbres instrumentais, esta pérola do Rock Alternativo, guiada pelos hits “Big Bang Baby”, “Lady Picture Show” e “Trippin’ on a Hole in a Paper Heart”, quicá traz a melhor performance de Scott Weiland em estúdio, brilhando ao lado das guitarras de Dean DeLeo.
Após este álbum, os problemas pessoais de Weiland, que o levaria cotidianamente à prisão, motivariam os outros três membros a montar o Talk Show, que fracassou e ainda rendeu mais alguns álbuns do Stone Temple Pilots.
Grande parte da turnê deste disco teve que ser cancelada pois Weiland foi condenado a um ano de cadeia pela acusação de tráfico de drogas.
O vocalista voltou ao mundo da música com seu primeiro disco solo, “12 Bar Blues”, lançado em 1998. No entanto, o quarteto que formava o Stone Temple Pilots voltaria junto para o estúdio e sairia de lá com “Nº 4”, em 1999.
Infelizmente, a retomada da carreira por parte de Weiland teria que esperar, pois ele seria novamente preso, condenado a cinco meses de reclusão por violar a condicional.
Em 2001, mais problemas com a polícia. Dessa vez sob a acusação de agredir a esposa.
Nesse mesmo ano, o Stone Temple Pilots lançaria seu quarto disco com Scott Weiland nos vocais, porém a banda anunciaria uma nova parada após desentendimentos entre os integrantes.
3) Velvet Revolver: “Contraband” (2003)
O talento não deixa que o possui sem chances de retomadas e viradas na carreira.
Scott Weiland teve algumas destas oportunidades, que poucos tiveram. Em 2003 ele seria convidado a participar do Velvet Revolver, supergrupo do qual ele admitiria anos mais tarde ter participado apenas por causa do dinheiro oferecido.
Após o estouro do Audioslave, em 2001, o formato de supergrupo ganhou força novamente e no ano seguinte surgiu uma grande expectativa ao ser anunciado que Scott Weiland (Stone Temple Pilots), Slash (Guns N’ Roses), Duff McKagan (Guns N’ Roses), Matt Sorum (Guns N’ Roses) e Dave Kushner (Wasted Youth) estavam se reunindo sob a alcunha Velvet Revolver.
Este é o primeiro álbum do bando roqueiro noventista e que obteve um grande sucesso graças ao singles de “Fall To Pieces” e “Slither”.
Todavia, estão faixas longe de serem as melhores deste álbum que trouxe mais um pouco de lascívia desajustada ao Rock do novo milênio, em ótimas faixas como “Set Me Free”, “Sucker train blues”, “Loving the alien” e “You Got No Right”.
Infelizmente, lançaram apenas dois discos (o segundo trazia o título de “Libertad”, lançado em 2007) e a banda se desfez por causa dos constantes problemas de Weiland. Mas o vocalista impressiona por sua performance neste álbum.
As prisões por drogas e por dirigir sob o efeito de álcool continuavam e entre 2008 e 2009 ele foi internado compulsoriamente para tratamento.
Mesmo assim ele consegue lançar seu segundo disco solo em 2008, “Happy In Galoshes”.
4) Art Of anarchy: “Art of Anarchy” (2015)
Com a pausa do Velvet Revolver, a volta do Stone Temple Pilots estava aberta. Após uma turnê de reunião bem sucedida, eles lançariam, em 2010, o auto-intitulado e último disco da banda com Scott Weiland nos vocais.
Seus problemas com drogas voltariam a atrapalhar a banda que, desta vez, o substituiria por Chester Benington, do Linkin Park.
Até por iss, nossa lista abarca mais um supergrupo da carreira de Scott Weiland, agora ao lado de Ron “Bumblefoot” Thal (guitarrista, ex-Guns N’ Roses), John Moyer (baixista do Disturbed) e os gêmeos Jon and Vince Votta na guitarra e bateria, respectivamente.
O mais interessante deste trabalho é a diferença do que Weiland costumava fazer em sua carreira ao encaixar suas linhas vocais num instrumental denso, que segue a linha moderna, com guitarras pesadas e groovadas, lembrando bandas como Metallica e Megadeth, com detalhes precisos nos arranjos e destaques para faixas como “‘Til The Dust Is Gone” (com direito a violão espanhol), “Small Batch Whiskey”, “Get On Down” (balada impecável), “Aqualung” e “Long Ago”.
Apesar da heterogeneidade de cinco músicos muito diferentes que uniram forças, este é um dos melhores trabalhos da carreira de Weiland.
5) Scott Weiland and The Wildabouts: “Blaster” (2015)
Entre 2011 e 2015 Scott Weiland lançaria sua biografia, um disco de músicas natalinas, faria um breve retorno com o Velvet Revolver e, além do já citado disco do Art of Anarchy, seu último disco solo ao lado do The Wildabouts, intitulado “Blaster”, nosso último enumerado da lista.
O cover para “20th Century Boy” do T. Rex já anuncia a proximidade deste trabalho com o Rock N’ Roll puro e despojado.
Claro, não temos um revival vintage do estilo como anda na moda nos dias de hoje, mas numa abordagem mais próxima à picardia Hard Rock do Aerosmith, em vestes sujas do post-grunge.
Sim, é genérico!
Sim, Weiland está comedido em suas linhas vocais!
Mas é Rock N’ Roll puro e simples, da melhor qualidade e com o feeling primal que o estilo usou e abusou em sua gênese.
Além disso, muito do que está desfilado aqui serve como um resumo de elementos que perpassaram sua discografia ao longo dos anos, servindo de perfeito epílogo para sua trajetória no Rock N’ Roll.
Infelizmente, no dia 3 de dezembro de 2015, Scott Weilland foi encontrado morto no ônibus do The Wildabouts, em Bloomington, Minnesota (EUA), pondo fim a uma carreira tão brilhante quanto turbulenta.
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