Pianista, produtor, cantor e, sobretudo, compositor, Allen Toussaint é a personificação musical de New Orleans, sendo que muitas de suas composições foram registradas por nomes como Rolling Stones, Paul McCartney e Otis Redding.
Até por isso, Allen Toussaint era considerado um músico para músicos.
Em sua carreira como compositor sempre se mostrou como um dos mais eficientes hitmakers de sua geração, indo com destreza do Rock ao Blues, passando pela soul music.
Sua discografia essencial se encontra na década de 1970, quando produziu a maior parte de seus álbuns, sendo que fora dessa década, os lançamentos são esporádicos.
Nascido em New Orleans no início de 1938, se inspirou em Ray Charles, Fats Domino e Professor Longhair para desenvolver seu estilo que encantou o mundo até novembro de 2015, quando, infelizmente, o músico faleceu após um show, na Espanha.
Oferecemos, neste texto, uma lista de cinco álbuns para conhecer o trabalho deste ícone da música.
1) The Wild Sound Of New Orleans (1958)
Neste álbum ainda temos uma versão crua de Allen, com doses mais minimalistas do que viria a ser sua encorpada formatação musical, principalmente no que diz respeito ao instrumental, todavia, sua essência já está aqui.
Muitos acham que esse início é influenciado em demasia por Professor Longhair e Ray Charles, estando longe da personalidade e originalidade de dias futuros.
Fato irrefutável, assim como é impossível negar a relevância deste registro na evolução de Allen.
2) Toussaint (1971)
Aqui Allen já havia construído sua sonoridade forte ao piano, misturando eruditismos com soul/funk e pop, tudo temperado com a pimenta musical de New Orleans, formatando um trabalho assustadoramente consistente.
Destaque às suas performances vocais que mesmo não sendo tão impactantes tecnicamente quanto as de seus contemporâneos dentro da soul music, poucos possuem tamanha emoção como intérprete quanto Allen.
Além disso tudo, este é o álbum que tem a espetacular “Sweet Touch of Love“.
3) Southern Nights (1975)
Incrivelmente, este é apenas o quarto álbum de estúdio de Allen em aproximadamente duas décadas de carreira.
Como se não bastasse este ser, quiçá, seu melhor trabalho em estúdio, usando e abusando de experimentalismos, psicodelismos, lascívia soul/funk e sua voz adocicada e emocional, ele ainda traz um time de músicos que inclui a banda The Meters para registrar este histórico álbum, que mescla muito bem a sonoridade clássica do soul (em ‘‘Back In Baby’s Arms” e ”When the Party’s Over”), com a densidade gordurosa do funk (como em ”Worldwide”).
Esse é um álbum indispensável!
4) The River In Reverse (com Elvis Costello, 2006)
Saltando mais de três décadas, chegamos à segunda melhor fase de Allen, na primeira década do novo milênio, onde ele produziu gemas imprescindíveis para a música.
Após esporádicos lançamentos entre 1979 e 2004, Allen apresenta uma interessante parceria em seu segundo álbum em dois anos (em 2005 havia sido lançado o também indicadíssimo “Going Places”), numa formatação mais classuda, experimental e surpreendente de sua música, ao lado de Elvis Costello, embalado numa produção excepcional.
O único porém deste álbum é o fato de que eu sempre quis mais a voz de Allen em primeiro plano, mas ainda assim, a primeira metade destes conjunto de faixas é de arrepiar, credenciando-o a figurar nesta lista.
5) The Bright Mississippi (2009)
O álbum que me apresentou Allen Toussaint!
O que me causou certo espanto quanto tomei contato com o restante da obra de sua obra, principalmente com seus trabalhos setentistas, pois aqui ele se apresenta menos experimental, instigante e pulsante, mas não menos genial, prestando seu tributo aos grandes nomes do Jazz, como Duke Ellington, Django Reinhardt, Jelly Roll Morton e Thelonious Monk, dando aquele saboroso tempero de New Orleans às suas interpretações, que exalam um artista no auge de sua consciência musical, conseguindo misturar seu DNA a composições com outras paternidades.
Além disso, ainda temos a participação de Brad Mehldau em “Winin’ Boy Blues”.
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