Doro – Resenha de “Forever Warriors, Forever United” (2018)

 

Doro Forever Warriors, Forever United
Doro:”Forever Warriors, Forever United” (2018 Shinigami Records) NOTA:8,0

O significado da palavra diva – que deriva do latim divus – se refere a uma divindade feminina, ou seja, uma deusa.

Ao longo do tempo sua aplicação foi sendo extrapolada para mulheres que tivessem predicados especiais, seja pela beleza, ou por talentos artísticos, como no caso das cantoras de ópera, e posteriormente às estrela da música e do cinema.

No âmbito do rock/heavy metal poucas são aquelas que merecem o título de diva, e uma delas sem dúvidas é Doro Pesch, que chega a seu 35° ano de carreira apresentando um ambicioso 20º álbum, o primeiro no formato duplo de sua discografia, intitulado “Forever Warriors, Forever United” (2018).

E Doro não tem nada mais a provar, afinal seu legado para o heavy metal alemão com o Warlock, e a carreira solo produtiva e sólida, a mantem relevante e influente por mais de três décadas.

O que nos leva a inferir que a ousadia nesta etapa da carreira é motivada por nada além de paixão extrema pelo hard n’ heavy, à começar pela capa no espírito heroico e épico, trazendo um exército do metal no clima “um por todos e todos por um”!

Até por isso, a edição nacional chama a atenção pela qualidade, trazendo as duas partes do álbum – “Forever Warriors” e “Forever United”  – separadas, com sutis diferenças nas artes de capa, e embaladas numa caixa com a arte gráfica do trabalho.

Ao todo são 25 faixas que se equilibram pelo já tradicional hard n’ heavy da carreira de Doro Pesch, que começaram a ser cunhadas à partir de uma homenagem da cantora para Lemy Kilmister.

O fulcro da balança entre o heavy metal  e o hard rock está nas guitarras, impregnadas de técnica e feeling que emolduram a voz de Doro, já afetada pelo tempo, mas ainda com a competência de sempre.

A capa mais escura de  “Forever United” e o cover para “Lost in the Ozone”, do Motorhead, ali contida, nos dão a impressão que essa segunda parte será mais intensa que “Forever Warriors”, que por sua vez também traz um cover, agora para “Don’t Break My Heart Again”, do Whitesnake.

Na verdade, aos meus ouvidos, a diferença é que “Forever United” é mais emocional e cadenciado, enquanto a primeira parte soa mais pesada, mais metal, como nos mostram “Bastardos”, “Turn it Up”, “Backstage to Heaven”.

“If I Can’t Have You – No One WIll” é um caso à parte. Faixa dramática e tensa, com participação de Johan Hegg, vocalista do Amon Amarth, num dueto muito interessante. Ela é um dos destaques de “Forever Warriors, Forever United” pelo atrito de contrastes e linhas de guitarra instigantes, num conjunto que funciona.

Mesmo assim espanta como ela conseguiu manter a solidez por todo o longo repertório que reflete a paixão e a trajetória de Doro no heavy metal. 

À começar por “All For Metal”, abertura de “Forever Warriors”, um hino de guerra que representa o exercito da capa, com aquela adrenalina e sensação de poder que remete à vibração do clássico “All We Are”, do Warlock.

Ajudam a dinamizar a fórmula, baladas classudas, como “Soldier of Metal”, “Love’s Gone to Hell” “Black Ballad” (com guitarras melodiosas e arrepiantes).

Pulando para “Forever United”, a faixa “Lift Me Up” tem cara de novo clássico da carreira de Doro, “Résistance” é um hard rock daqueles que grudam pelo refrão e pelas melodias vibrantes, e “Heartbroken” merece menção mais pelo trabalho de guitarra de Dough Aldrich, econômico, mas preciso, até o solo brilhante.

De fato, “Forever United” é mais morna que sua contraparte, sendo que faixas como “It Cuts So Deep”, “Love Is A Sin”, “1000 Years”, são até chatas no contexto geral.

Ok! O ineditismo da proposta dupla do material é algo que impacta num primeiro momento, e ver uma personalidade do heavy metal com a importância de Doro Pesch ter ainda a vontade de lançar 25 composições de uma vez deve ser enaltecido.

Todavia, aos meus ouvidos, se ela pegasse de “Forever United” as faixas “Lift Me Up”“Résistance”, “Fight Through The Fire”, “Metal is My Alcohol” e colocasse no lugar de duas bônus e duas baladas de “Forever Warriors”, adicionando ainda os dois covers como bônus,certamente Doro teria lançado um dos melhores discos de sua carreira!

Mesmo assim, cabe menção que sua versão de “Caruso”, do compositor Lucio Dalla, ficou impecável e de arrepiar!

No geral, “Forever Warriors, Forever United” é uma mostra competente de como as formas oitentistas do heavy metal ainda funcionam, gerando composições energéticas e fortes, baseadas em riffs sólidos.

Confira, pois Doro é a Ranha do heavy metal e merece toda a nossa reverência!

TRACKLIST

“Forever Warriors”

1. All For Metal (feat. Mille, Johan Hegg, Sabaton, Chuck Billy, Warrel Dane [R.I.P.], Jeff Waters, Ross The Boss, Rock’ n’ Rolf, DeTraktor, Tommy Bolan, Andy Brigs and The Ultimate Doro Clan)
2. Bastardos
3. If I Can’t Have You – No One Will (feat. Johan Hegg)
4. Soldier Of Metal
5. Turn It Up
6. Blood, Sweat And Rock ‘n’ Roll
7. Don’t Break My Heart Again
8. Love’s Gone To Hell
9. Freunde Fürs Leben
10. Backstage To Heaven (feat. Helge Schneider)
11. Be Strong (Bonus Track)
12. Black Ballad (Bonus Track)
13. Bring My Hero Back Home Again (Bonus Track)

“Forever United”

1. Résistance
2. Lift Me Up
3. Heartbroken (feat. Doug Aldrich)
4. It Cuts So Deep
5. Love Is A Sin
6. Living Life To The Fullest
7. 1000 Years
8. Fight Through The Fire
9. Lost In The Ozone
10. Caruso (Bonus Track)
11. Tra Como E Coriovallum (instrumental) (Bonus Track)
12. Metal is My Alcohol (Bonus Track)

 

FORMAÇÃO

Doro Pesch »» Vocal

Luca Princiotta »» Guitarra

Bas Maas »» Guitarra

Nick Douglas »» Baixo

Johnny Dee »» Bateria

 

 

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *