Swords and Axes
Confira a proposta desta seção aqui…
Dia Indicado para ouvir: Quinta-feira.
Hora do dia indicada para ouvir: Sete da noite.
Definição em um poucas palavras: Suécia, Oitentista, Pesado, Tradicional.
Estilo do Artista: Heavy Metal.
Comentário Geral: Podemos citar como parte vital do início do heavy metal na Suécia a trinca formada pelas bandas Heavy Load, Torch e Overdrive.
Formada em agosto de 1980, o Overdrive combinava referências europeias e norte-americanas do heavy metal, pesando a mão nas influências de Judas Priest, Def Leppard, Iron Maiden, Accept e Riot, no EP “Reflections” e no primeiro álbum, “Metal Attack” (1983), que resenhamos aqui.
Ambos os trabalhos iniciais traziam traços do que era praticado no heavy metal britânico. “Metal Attack” vendeu relativamente bem, e rendeu uma turnê rápida pela Suécia e Dinamarca.
Uma turnê curta, pois a Planet Records já os queria de novo em estúdio para gravar“Swords and Axes”. As gravações foram realizadas em duas semanas entre novembro e dezembro de 1983, e o álbum seria lançado em março do ano seguinte.
Numa comparação direta entre estes dois primeiros trabalhos, “Swords And Axes”, segundo full lenght, traz algumas semelhanças no conteúdo e vastas diferenças na forma, em relação a “Metal Attack”.
De cara, podemos ver que a produção já foi melhorada, principalmente no que tange ao som da bateria. Além disso, os vocais estão mais seguros e com mais amplitude. É até assustador pensar que é o mesmo produtor do primeiro álbum, Peter In De Betou.
Claro que poderiam ter encorpado mais o som do baixo, o que daria mais peso e concisão à sonoridade, mas dá pra perceber que o produtor estava evoluindo junto com a banda, algo que vimos também no início do heavy metal aqui no Brasil.
Quanto ao conteúdo, musicalmente, o power metal estava dando as caras com mais força, eliminando completamente o hard rock de sua fórmula, agora desenvolvida pela dinâmica perfeita para o headbangin’, com movimento instigantes, dramáticos e técnicos. Algumas melodias também se apresentam mais obscuras.
Simultaneamente, o Overdrive se mostra mais atento aos detalhes, à estrutura de suas composições, algo já sentido em “Dream Away”, com sua abertura quase barroca (que se repetiria em “Ode to Juliette”) que desemboca num heavy metal pesado, melódico e agressivo.
Por esse início, me parece que eles estavam ouvindo o que estava acontecendo na cena alemã além do Accept, com o surgimento de bandas como Avenger e Helloween.
Há pinceladas aqui e ali de influências dos dinamarqueses do Mercyful Fate também, principalmente nas guitarras. Lembremos que o Overdrive havia tocado na Dinamarca na turnê de divulgação do primeiro álbum, “Metal Attack”.
Já as influências dos primeiros discos do Iron Maiden aparecem menos em relação às conhecidas referências de Judas Priest, mas é fato que o Overdrive havia rapidamente desenvolvido uma identidade contextualizada à sua época e bem definida, amadurecida.
O salto evolutivo em termos musicais é vertiginoso. E “Mission of Destruction” talvez seja a faixa onde isso mais fica evidente, pois é a composição que carrega mais similaridades com a estrutura do primeiro álbum, nas linhas vocais e no instrumental do refrão, principalmente. E, no geral, nem parece ser a mesma banda que gravou “Metal Attack”.
As composições já se desdobram em passagens mais elaboradas e os arranjos soam menos ingênuos, menos crús. Os solos estão bem feitos, as guitarras técnicas e vibrantes (beirando o thrash metal em alguns momentos), e a seção rítmica, melhor produzida, pode dar uma sustentação ainda mais cativante ao som do quinteto sueco.
“Black Revenge” é uma cacetada! Um power metal insinuante e vigoroso. Já “Fightin’ Man” traz um pouco de groove hard n’ heavy ao ritmo sisudo do Overdrive, e “Burn In Hell” chega a lembrar o Black Sabbath, em uníssono ao que o Trouble começava a fazer naquela mesma época, mas aqui as guitarras são mais tempestuosas!
Em contrapartida, a faixa “Swords and Axes” pisa no acelerador, se revelando um speed metal instrumental cheio de ganchos melódicos, “Livin’ In Sin” nos oferece soluções interessantes em alguns arranjos, e “Broken Hearted” fecha o álbum como uma inspiradíssima power ballad.
Fatalmente, “Swords And Axes” é o melhor disco da banda em todas as suas encarnações, com pontuais complexidades e um perceptível amadurecimento de seu heavy metal tipicamente europeu,rendendo turnês com nomes como Pretty Maids, Witchcross e Sky High, além de ser um disco licenciado no Canadá.
Tanto que a gravadora New Renaissance propunha um contrato para lançar o próximo disco do Overdrive.
Entretanto, mesmo com toda essa evolução e a proposta de um novo contrato, as coisas começaram a ir mal.
Primeiro o baixista Kenth Ericsson deixa a banda. Substituído o baixista, vêm os problemas com a Planet Records que não lhes deu um centavo das vendas dos seus dois discos. Consequência? Processo judicial e perda do contrato com a gravadora.
Em seguida, o vocalista Pelle Thuresson deixa a banda por não se achar bom o bastante após ser criticado duramente em várias resenhas dos dois discos.
Mesmo com material composto para um próximo disco, as dificuldades em encontrar um novo e bom vocalista levaram à separação do Overdrive em agosto de 1985.
A edição nacional de “Swords and Axes”, à cargo da Hellion Records, traz cinco faixas bônus que seria parte das sessões de estúdio de junho de 1985. Ou seja, são composições, ainda não mixadas e sem os vocais, do que seria o terceiro disco do Overdrive.
Nem preciso enaltecer que o relançamento desse álbum seja mais uma preciosa benfeitoria aos arqueólogos brasileiros do heavy metal, e só vou reforçar que VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1984.
Top 3:“Black Revenge”, “Burn In Hell” e“Livin’ In Sin”
Formação: Kenth Ericsson (baixo), Kenta Svensson (bateria), Janne Stark (guitarra), Kjell Jacobsson (guitarra), e Pelle Thuresson (vocais).
Disco Pai: Accept – “Restless and Wild” (1982)
Disco Irmão: Axe Witch – “Visions of the Past” (1984)
Disco Filho: Locomotive Breath – “Train of Events” (1997)
Curiosidades: O Overdrive já trabalhava num terceiro álbum quando findou suas atividades. Ele tinha até título: “Motorized Maniaxe”. Um disco que, segundo os antigos membros da banda, traria influências dos primeiros discos do Queensryche e do Van Halen. Algumas daquelas músicas foram retrabalhadas pelo Locomotive Breath, banda do guitarrista Janne Stark.
Pra quem gosta de: Colete cheio de Patches, guitar heroes, cerveja tipo Kölsch, e metal oitentista.
https://youtu.be/rOru2ovD_A0
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