Confira a proposta desta seção aqui…
Dia Indicado Pra Ouvir: Terça-Feira.
Hora do dia indicada para ouvir: Sete da Noite.
Definição em um poucas palavras: Alternativo, Drogas, Eletrônico, Melancólico, Rock Inglês, Triste, Urbano.
Estilo do Artista: Pos-punk/Eletropop
Comentário Geral: Que o New Order surgiu das cinzas do Joy Division é sabido de todos.
Que o New Order criou uma das sonoridades mais particulares dentro da música alternativa inglesa também já é verdade irrefutável.
Entretanto, a maioria dos admiradores da música engendrada pelo quarteto de Manchester se apega a álbuns como “Power, Corruption and Lies” (1983), “Low Life” (1985), “Substance” (1987) ou “Technique” (1989) para justificar todas essas afirmações.
O que há de errado nisso?
Nada.
Mas para mim existe aí uma injustiça com o melhor disco lançado pelo New Order: “Brotherhood”!
Sim, eu acredito que o álbum mais importante da discografia deste ícone da música oitentista está no centro destes dois pares sempre lembrados sendo geralmente esquecido, quiçá, renegado, pelos críticos e fãs que acusaram a banda de estagnação à época de seu lançamento.
Porém uma ouvida rápida mostrará como as canções de “Brotherhood” orbitam pelas sonoridades vastas do pos-punk e do eletro/synth pop, alicerces tradicionais da música do New Order, mas em um universo alternativo, onde o espírito roqueiro lutava bravamente com a alma lúgubre por uma divisão de espaço.
O próprio Peter Hook diz que esse disco é quase uma máquina do tempo direto aos anos 1980, enquanto Bernanrd Sumner explica porque o disco é tão bem dividido entre o eletrônico e o orgânico:
“Nós sempre tivemos essa dinâmica entre eletrônico e organicidade. Eu sempre pendi pro eletrônico e Hook para a coisa de banda, o que era justo, eu acho. E por isso nos colocou no caminho de ‘Brotherhood'”.
De fato a observação de Sumner corrobora o que ouvimos na discografia do New Order até “Brotherhood”, porém essa característica contribuiu para a música, mas não para a relação entre os músicos.
Os rumores de conflitos entre os músicos sobre o direcionamento da banda que explodiriam de vez em meados dos anos 1990, crescia desde os anos 1980, após o lançamento de “Brotherhood”.
“Escute o disco e você poderá perceber que ele tem duas partes diferentes. Existem batalhas sendo travadas em ‘Brotherhood'” diria anos mais tarde Peter Hook, nos dando hoje uma nova dimensão do que realmente Sumner quis dizer no trecho que destacamos antes.
Tal embate espirito-musical nos presenteou com esse disco que é uma das pedras fundamentais do dance rock inglês, que além de conter o maior sucesso da banda, “Bizarre Love Triangle”, dando acordes iniciais ao lado B do vinil, ainda é o primeiro registro em que a identidade musical característica do New Order foi, de fato, atingida.
A revista Rolling Stone sabiamente registraria que “quando as bandas soam como o New Order, eles soam como em ‘Brotherhood’ “.
Mesmo aqueles que não concordam com este ponto de vista estão impossibilitados de negar o caráter exorcista deste conjunto de canções.
Lançado seis anos após a morte de Ian Curtis, “Brotherhood” é o primeiro álbum onde os fantasmas do Joy Division, responsáveis por assombrar as harmônias dos dois clássicos álbuns anteriores, não dão as caras, e onde o experimentalismo abriu de vez espaço para as harmonias mais envolventes.
Isso não significa que a banda mudou drasticamente suas bases musicais, aliás, estamos muito distantes disso.
As harmonias lúgubres foram trocadas por acordes melancólicos e as tonalidades frias ganharam um pouco mais de calor, além de doses de saturação sonora sufocante.
Essa característica da produção é explicada por Bernanrd Sumner:
“É um disco muito denso, pois exageramos nos overdubs, então ele ficou muito cheio de camadas, e muito profundo”.
Agora, o New Order não compunha peças musicais eletrônicas que seriam executadas num baile no castelo de Conde Drácula, mas sim juntava acordes em músicas que expressassem a angústia solitária do personagem Frankenstein, de Mary Shelley.
Não que a banda tenha desistido das melodias eletrônicas, mas aqui elas estão diferentes. A divisão de texturas musicais é muito bem definida na versão em LP, onde todo o segundo lado é dedicado às canções com roupagem eletrônica, sendo claramente um embrião do bass/synth pop que eles fariam em “Technique” (1989).
Abrindo esta parte do álbum está a já citada “Bizarre Love Triangle”, a canção pop indefectível que ecoa até os dias de hoje com seu refrão marcante.
Em seguida temos “All Day Long”, uma belíssima peça eletrônica, com vocal que remete a Lou Reed, algumas linhas de sintetizadores são claramente influências pelo Kraftwerk e o solo de baixo é magnificamente melancólico.
O desfile eletropop continua com outra pérola, “Angel Dust”. Canção densa, diversificada e magnífica pela junção das simplicidades criadas que estão claramente explorando as fronteiras musicais de sua época. Um dos pontos altos do álbum. O desfecho vem com a minimalista “Every Little Counts”, que traz versos espirituosos envolvendo porcos e zoológicos.
Virando o lado do disco e iniciando o lado A ouvimos “Paradise”, outra grandiosa canção pop que caminha na tênue linha entre o eletropop e o pos-punk, dotada de um irresistível refrão recheado por “sha-la-la-las”, que conseguem imprimir uma nítida sensação de melancolia represada, tristeza disfarçada de empolgação, advinda das excepcionais linhas de baixo que permeiam todo o álbum.
Aqui começa a festa melancólica e acinzentada do New Order, que tem continuidade em “Weirdo”, uma das poucas canções lembradas deste álbum na posteridade, com típica sonoridade pos-punk, refrão travestido de esfuziante e densidade sonora que é repentinamente terminada, causando a mesma sensação de alívio dos primeiros sopros de ar nos pulmões de quem se afogava.
São canções de beleza singela como “As It Is When It Was” que testam a sanidade de nossas emoções. Melodias simples e força no refrão mostram-nos como a geração inglesa oitentista conseguia compor baladas minimalistas dilacerantes, emulando o romantismo trágico que agradaria em cheio um jovem Werther de um novo século, usando de classe pop que é , também, pulsante em “Broken Promise”, com um canto angustiado, sendo mais acelerada do que melancólica.
Nesta primeira parte de “Brotherhood” a saturação instrumental das faixas nos imprime uma constante sensação de angústia irrompida que sufoca e “Broken Promise” é o bradar rápido que precede a tristeza das lágrimas carregadas de dor.
Talvez, pelo altíssimo nível das canções que compõem a obra, “Way of Life” seja um ponto de mínimo do trabalho. Não que a composição seja ruim, longe disso. Possuidora de um ótimo instrumental e linhas vocais certas, ela só está um pouco abaixo das demais.
Apesar deste conjunto de canções poderoso apresentado em “Brotherhood”, este álbum tem maior importância por ser o ninho onde as originais melodias de Peter Hook ao baixo se acomodaram confortavelmente aos os power chords magistralmente retirados dos sintetizadores de Gillan Gilbert.
Acompanhando a discografia do New Order fica evidente como eles amadureceram a proposta atingida em “Low-Life”, principalmente nas linhas desenvolvidas pelo baixo de Peter Hook que eram o diferencial numa época em que as guitarras ditavam as regras melódicas e harmônias no rock.
Não seria exagero dizer que esse disco só foi possível pela confiança adquirida em “Low-Life”, mas muitos acusavam o New Order de padecer de estagnação criativa, algo que seria logo revertido com o lançamento do single de “True Faith”.
Na sequência de “Brotherhood” o New Order ofereceu uma coletânea de singles e remixes que apontava o futuro do som da banda, servindo como um rico ponto de transição de sua musicalidade. Com essa coletânea intitulada “Substance” eles migraram do status de roqueiros depressivos e experimentais para pioneiros da música eletrônica moderna.
Tudo bem que “Brotherhood” oferecia exatamente aquilo que se esperava do New Order, mas talvez seja o disco que melhor envelheceu na sua discografia. Vale, por fim, ressaltar que esse disco é uma das pedras fundamentais do dance rock inglês.
Por tudo isso, e por esse ser o meu álbum favorito do New Order, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1986
Top 3: “As It Is When It Was”, “Paradise” e “Weirdo”.
Formação: Bernard Sumner (vocais, guitarras e sintetizadores), Peter Hook (baixo, percussão eletrônica e backing vocals), Stephen Morris (bateria e sintetizadores) e Gillian Gilbert (sintetizadores, guitarras e backing vocals).
Disco Pai: David Bowie – “Heroes” (1977)
Disco Irmão: The Cure – “The Head On The Door” (1985)
Disco Filho: Monaco – “Music For Pleasure” (1997)
Curiosidades: A remixagem para o single de “Bizarre Love Triangle” ficou a cargo de Shep Pettibone, produtor que instilou sua magia em canções de Pet Shop Boys e no clássico “True Blood”, da Madonna.
Pra quem gosta de: Fênix, luz no fim do túnel, dias chuvosos, melancolia eletrônica e vinho tinto.
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