Eluveitie – Resenha de “Slania – 10 Years” (2008 – 2018 | Shinigami Rec.)

 
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Eluveitie – “Slania: 10 Years” (2008 – 2018 | Nuclear Blast, Shinigami Records) NOTA: 9,5

“Slania”, lançado em 2008, foi o segundo disco da banda suíça Eluveitie, responsável por confirmar a impressão deixada com o promissor “Spirit” (2006) e colocá-los como um dos grandes nomes do pagan/folk metal de sua geração, ao lado do Wintersun e do Ensiferum, passando a banda de underground para sucesso internacional.

A diferença básica do Eluveitie (que começou em 2002 como um projeto de estúdio de Chrigel Glanzmann) para seus congêneres residia no estudo quase acadêmico das tradições folk, que davam profundidade tanto às letras quanto às músicas de “Slania”, um disco que emana paixão e respeito pelo misticismo e pela cultura celta enquanto mistura o death metal melódico típico de Gotemburgo (leia-se Dark Tranquillity) com a riqueza instrumental do folk.

O conceito de “Slania” é a primeira prova disso, girando em torno da Grande Roda da Mitologia Celta. Até por isso, o álbum é dividido conceitualmente pelas estações do ano, separadas, cada uma, por um interlúdio instrumental, começando pelo inverno, até o outono.

Isso dá ao ouvinte algo além do que o prometido metal extremo, confere, além de profundidade, honestidade e consistência às composições!

Todavia, o nome do álbum carrega pouco, ou quase nada, desse conceito, pois Slania é um nome que Chrigel Glanzmann viu numa tumba antiga e nada tem a ver com a garota da capa.

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Eluveitie – “Slania” (2008 | Nuclear Blast)

Com “Slania”, o Eluveitie conseguiu forjar algo realmente novo dentro do death metal melódico: original, interessante e de altíssima qualidade, mesclando aspectos épicos e melancólicos (como em “Anagantios” e suas belíssimas melodias, cortesias da talentosa Anna Murphy que estreava em estúdio com a banda), longe dos arranjos alegres de seus congêneres.

Esse “Slania – 10 Years” é um relançamento deste clássico da discografia do Eluveitie, em comemoração à primeira década de seu lançamento, que no Brasil está sendo disponibilizado pela Shinigami Records, e traz seis faixas bônus, além de uma entrevista com a banda e uma releitura da capa original, num simbolismo interessante sobre a passagem do tempo, afinal a garota amadureceu e virou uma mulher nestes dez anos, algo que casa bem com o conceito do disco.

E mesmo passados dez anos, faixas como “Primordial Breath” (um death metal melódico com o folk tomando o lugar dos teclados), “Bloodstone Ground” (que reforça o quão moderno este disco ainda soa) e “Slania Song” (com uma fórmula básica de folk metal, eficiente e nada caricata, que se repetirá em “Elembivos”) superaram o teste do tempo, sendo relevantes ainda atualmente.

Se comparado aos futuros discos da banda, “Slania” é sim mais orientado ao heavy metal“The Somber Lay”, por exemplo, esbarra em tradicionalismos do metal britânico. Porém, não me entenda mal, no geral, as guitarras de “Slania” bebem na fonte do thrash metal, com ganchos melódicos precisos, os blast beats se fazem presentes, assim como as passagens climáticas e os bons grooves.

Mesmo assim, o Eluveitie ofereceu algo a mais. Geralmente, nas bandas de folk metal  as guitarras respondem pela profundidade, peso e a massa heavy metal, deixando as melodias para os instrumentos típicos.

O Eluveitie  inverteu um pouco essa ordem e “Inis Mona”, o grande hit do álbum, representa bem essa ideia, assim como “Tarvos”“Gray Sublime Archon”, cada uma com uma proposta diferente.

Se você nunca conferiu esse álbum, essa é um ótima oportunidade, assim como para quem já conhece atualizar sua versão deste clássico na coleção.

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