Cannibal Corpse – Resenha de “Red Before Black” (2017)

 

Por Ricardo Leite Costa

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Cannibal Corpse: “Red Before Black” (2017, Metal Blade, Hellion Records) NOTA: 9,5

2017 já é passado. Os caras figuraram em oito de cada dez listas de melhores do ano e o alvoroço é mais que merecido, afinal, conceberam mais um clássico instantâneo do estilo.

O Cannibal Corpse é sinônimo de Death Metal autêntico, visceral e agressivo desde os primórdios dos anos 90, embora após a entrada de George “pescoço de aço” Fisher a banda tenha dado um salto gigantesco no quesito técnica, e a cada novo álbum lançado vem demonstrando cada vez mais ter criado um nicho próprio dentro do estilo que ajudou a sedimentar.

Quero dizer com isso que o Cannibal Corpse possui uma identidade sólida e incorruptível, portanto, podemos nos assegurar de que nunca seremos enganados ou desapontados pela banda. A satisfação é garantida.

“Red Before Black” surge três anos após o antecessor, “Skeletal Domain”, de 2014, e causava expectativa já há algum tempo, e posso dizer que todas elas foram devidamente sanadas a contento. Que puta disco empolgante de Death Metal, senhores! Um pouco mais direto que antes, flertando com o Thrash em bons momentos, e um pouco mais comedido na velocidade insana, “Red Before Black” traz um Cannibal Corpse seguro de si e com a certeza de que fez a lição de casa e passou de ano com todas as honras.

Confira a faixa-título… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=bUV0shPbvvI&w=560&h=315]

O quinteto de Buffalo (NY) condicionou-se a um estilo de composição que preza pela violência, porém sem nunca desdenhar da parte técnica, criando com isso uma música que exprime e “romantiza” o lado feio e obscuro da vida. “Only One Will Die” traz a abertura perfeita para tal, possuindo o mesmo impacto de um ataque de um psicopata sedento por sangue e vísceras.

A faixa que nomeia o álbum mantém o ritmo crescente, com Rob Barret e Pat o’Brien descascando as guitarras com uma intensidade de liquefazer ouvidos incautos. E tudo isso é só a ponta do iceberg. A base estrutural e toda sua magnitude continuam em “Code of the Slashers”, repleta de uma densidade imunda e cadenciada, permanecendo assim por quase todo seu desenvolvimento.

Para os detratores de Paul Mazurkiewicz que o achavam apenas um baterista correto, “Red Before Black” é seu ato de redenção. Nunca vi o sujeito tocar com tanta pegada e vontade, comendo bumbos e pratos com farinha nas três principais refeições diárias. Um desempenho impecável de um dos melhores e mais injustiçados bateristas do gênero.

Confira o clipe de “Code of Slashers”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=afrGiaxOorc&w=560&h=315]

O universo “encantador” e a “poesia edificante” dos temas continuam lá, talvez não tão explícitos como os de outrora (mesmo porque “I Cum Blood” e “Entrails Ripped from a Virgin’s Cunt”, apesar de sensacionais, refletem outro momento e outras prioridades para a banda). A música incisiva e grotesca faz valer cada centavo investido e momentos particularmente inspirados como “Firestorm Vengeance”, “Heads Shoveled Off” (relembrando bons momentos de “Vile”) e “Corpus Delict”, não deliberadamente, constituem uma das melhores sequências já escritas pelo Cannibal Corpse.

Redundância dizer que Alex Webster é “o cara” das quatro cordas e que George “Corpsegrinder” continua moendo cadáveres com a mesma desenvoltura de vinte anos atrás. Dezenas de bons álbuns do estilo são lançados todos os anos, porém ninguém ainda teve colhões de destituir o Cannibal do posto de reinado soberano do Death Metal.

Vida longa aos reis!

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