É fato que Axel Rudi Pell apresenta uma das melhores fases de sua carreira, principalmente desde que se encontra muito bem acompanhado do excepcional vocalista Johnny Gioeli e do histórico baterista Bobby Rondinelli.
Nos três álbuns mais recentes, “Circle of the Oath” (2012, ainda com Mike Terrana na bateria), “Into the Storm” (2014), e “Game of Sins” (2016) temos um desfile classudo de ótimas linhas vocais e guitarras poderosas, num melodic/hard rock de cadência hipnotizante, evidenciando a unicidade dos instrumentistas que trabalham em prol das composições e não apenas servindo de base para as peripécias do guitarrista.
Também é fato que o guitarrista alemão construiu uma carreira solo (após sua saída do Steeler) tão sólida que permitiu chegar ao quinto volume de coletânea de baladas, e ainda com relevância. Esta quinta parte de “The Ballads” engloba a última fase da carreira de Rudi Pell, trazendo apenas quatro faixas registradas nos três trabalhos supracitados: “Lived Our Lives Before”, “When Truth Hurts”, “Forever Free” (épica, e indiscutivelmente a melhor das quatro), e “Lost In Love”.
Claro que estas são baladas de extremo bom gosto, mas o diferencial deste trabalho, que tira o enfado de ouvir dez baladas na sequência, vem da mistura de novas composições, releituras “inusitadas”, e faixas ao vivo, junto às composições já conhecidas, partindo de onde “The Ballads IV” (2011) parou.
E das novas composições vem o primeiro destaque do álbum: “Love Is Holding On” abre a coletânea com tom emocional e destaque ao dueto de Gioeli com a histórica cantora Bonnie Tyler (sim a campeã da coletânea flashback, com os hits “It’s a Heartache” e “Total Eclipse of the Heart”). As vozes de ambos casaram perfeitamente, mostrando o quão irresistível pode ser uma balada Hard Rock bem ajambrada. A outra faixa inédita é “On The Edge of Our Time”, de aspecto mais épico entremeado à cadência natural das baladas, acentuado pela elegância das guitarras límpidas e tocantes, e pelo refrão marcante.
No outro quarto da coletânea temos duas releituras relativamente inusitadas. Quando pensamos que “I See Fire” é uma composição de Ed Sheeran causa estranheza em colocá-la por aqui, mas devemos lembrar que ela faz parte da trilha do filme “O Hobbit”, e seu aspecto épico/melancólico foi muito bem re-trabalhado por Axel Rudi Pell, como uma balada ao piano com enfoque na forte interpretação de Gioeli, que carrega a canção até a entrada do instrumental Hard Rock.
Mesma fórmula para a releitura de “Hey Hey My My”, de Neil Young, que também ganhou detalhes de cordas, andamento mais lento, mas que se torna, à menos de solo e riff encorpado, o ponto mais baixo do repertório. Essa faixa, por sua letra e sua história, pede um pouco de rusticidade e certa melancolia, que destoa na interpretação de Gioeli.
Na quarta parte ao vivo, “The Line” (gravada no Rock of Ages Festival, de 2016, onde Gioeli encarna o gogó de Ronnie James Dio em alguns momentos) se sobressai em comparação ao cover para “Mistreated” (ainda com Doogie White nos vocais e Tony Carey nos teclados, registrado no Bang Your Head Festival de 2014), do Deep Purple.
Em verdade, este lançamento cheira a uma celebração de uma fase da carreira de Axel Rudi Pell, recheada de composições classudas e com feeling dos áureos tempos do Classic Rock, num álbum indicado a roqueiros de bom gosto e com sensibilidade aflorada.
Confira a faixa “Love Is Holding On”, com a participação de Bonnie Tyler… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=fB19LCpsrpI&w=560&h=315]
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