Axel Rudi Pell – Resenha de “Knight’s Call” (2018)

 

 

 

Axel Rudi Pell Knight's Call 2018 Shinigami Steamhammer
Axel Rudi Pell: “Knight’s Call” (2018, Shinigami Records, Steamhammer) NOTA:9,0

Reafirmando o escrito na resenha para “The Ballads V”, sem dúvidas, Axel Rudi Pell vive um dos melhores momentos de suas três décadas de carreira solo, e a prova disso está nos últimos três discos lançados pelo emblemático guitarrista alemão, o mais recente deles, “Knight’s Call”, lançado esse ano, o décimo oitavo de sua discografia.

Carreira solo é um termo justificado apenas pelo nome estampado na capa, afinal, são mais de quinze anos com mesma banda, salvo pelo baterista Bobby Rondinelli, que entrou para o grupo em 2013. Só por aí justifica-se o perceptível entrosamento  e a capacidade de produzir um álbum novo a cada dois anos ao menos.

O último álbum de inéditas foi “Game of Sins”, de 2016, que deu upgrade na sonoridade da bateria de Bobby Rondinelli, encorpando a produção límpida e pesada, numa fórmula que reaparece neste “Knight’s Call”: o manjado, mas sempre eficiente no caso de Axel Rudi Pell, melodic rock com classe e força de rock clássico. 

Claro que muito da eficiência desta fórmula se encontra na voz de Johnny Gioeli (é preciso registrar novamente, o melhor vocalista de melodic/classic rock  na atualidade), mas as guitarras poderosas de Rudi Pell, que usa suas influências de Ritchie Blackmore e Jimi Hendrix como pontos de partida para construir sua personalidade, estão com ainda mais espaço neste disco.

Axel Rudi Pell não é só um solista hábil. Sua técnica e feeling estão, em “Knight’s Call”, direcionadas à construção de riffs que ajudam a ditar o ritmo de arranjos coesos.

Com isso, você já sabe o que esperar: grandiloquência e requinte melódico, climas bem construídos, linhas de guitarra que além de nos presentear com ótimos riffs, nos faz vibrar com belos solos, e o forte apelo climático, já bem definido pelo espírito épico-medieval de “The Medieval Overture”, a abertura, e na densidade cadenciada de “The Crusaders of Doom”, que dialoga com a belíssima capa.

Todavia, “The Wild And The Young”, nos mostra que isso virá com um pouco mais de sombras e aspereza que o normal, menos épico e inclinado à simplicidade orgânica e eficiente do rock n’ roll, como vemos em “Long Live Rock” (com riff clichê, mas certeiro, uma das músicas mais legais de “Knight’s Call”) e “Follow the Sun”, faixas onde claramente percebemos como as bases estão positivamente mais enxutas.

A remissão a nomes clássicos como Rainbow e Deep Purple também aparece. “Wildest Dreams” (excelente composição, que poderia facilmente estar em Game of Sins), por exemplo, tem algo de “Black Night”, enquanto “Tower of Babylon” traz uma vibração hard n’ heavy  à lá “Stargazer”, com arabescos em meio ao apelo épico e dramático.

Até “The Wild And The Young” lembrou de longe o Budgie em sua abertura. Já faixas como “Saves on the Run” mostra uma bem-vinda vibe oitentista do classic rock, com algo de Peter Frampton nas guitarras, dando uma dinâmica envolvente ao repertório.

Mesmo assim, o destaque máximo de “Knight’s Call” vai para “The Crusaders of Doom”, que traz a dramaticidade da era-Dio do Rainbow bem encarnada, seguida de perto por  “Truth and Lies” (instrumental, melódica e com belíssimo trabalho de teclados,  onde Axel toca baixo).

O que para alguns pode ser o desfile de uma fórmula gasta, para mim é mais uma prova da força e habilidade de estar renovando-a pela transmutação de simplicidades em arranjos poderosos e linhas vocais expressivas, como em “Beyond the Light”, com feeling dos áureos tempos do Classic Rock.

Além disso, é fato que Axel Rudi Pell vem se superando a cada novo lançamento e aos meus ouvidos o tom mais austero de “Knight’s Call” faz dele o melhor dos três últimos discos.

Se você não gosta do trabalho de Axel Rudi Pell, até poderá ser pela simplicidade de “Knight’s Call” que mudará de opinião, mas se você já admira o trabalho do guitarrista alemão, pode conferir, porque aqui é jogo ganho!

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