“Blue & Lonesome” é o vigésimo-terceiro (na cronologia britânica) e vigésimo-quinto (na cronologia americana) álbum de estúdio da banda de Rock britânica The Rolling Stones, lançado pela Polydor Records em 2 de dezembro de 2016.
Em seu primeiro compacto, no longínquo junho de 1963, o Rolling Stones apresentava duas versões para o Blues de Chuck Berry e Muddy Waters, ato que permaneceu por algum tempo até que a dupla Jagger/Richards começassem a marcar a história do Rock!
Não obstante, o cheiro do Blues ficou impregnado na sonoridade da banda até mesmo em álbuns que traziam ambiciosas viagens psicodélicas e se acentuou quando voltaram ao básico, conduzido pelo som direto das guitarras e pela entrada de Mick Taylor, guitarrista oriundo dos Bluesbreakers, de John Mayall.
Ou seja, se pensarmos que este será, como declarado, o último álbum da banda, ele torna a discografia de Mick Jagger e seus asseclas cíclica ao longo de mais de cinco décadas: começou pelo Blues, explorou suas nuances pelo Rock N’ Roll, e voltou ao Blues, numa cadeia musical de intensidade vertiginosa!
Agora, meio século depois de seus primórdios na exploração do Blues Rock, claramente são músicos melhores, menos relaxados do que outrora, mais técnicos e experientes, o que os permitiu, neste primeiro álbum de estúdio em mais de uma década, capturar a força presente em seus dez álbuns iniciais em releituras de Jimmy Reed, Eddie Taylor, Howlin’ Wolf, Little Walter e Willie Dixon, registradas em três dias de abril de 2016 (rápido e certeiro, como se fazia antigamente) onde se destacam “Everybody Knows About My Good Thing” e “I Can’t Quit You Baby”, estas duas trazendo a participação de Eric Clapton que registrava seu especialíssimo “Still I Do” (2016) no estúdio ao lado e apareceu para uma jam que acabou entrando no álbum.
Além destas, “Just your fool”, “Hate to see you go” e “Ride ‘Em On Down” também merecem uma atenção redobrada. Todavia, nada supera a densidade melódica de “Blue & Lonesome”.
Olhando novamente para o passado, sempre tiveram a atitude, a agressividade melódica e o tradicionalismo do Blues, mas a forma como Jagger se mostra em forma neste conjunto de faixas é de impressionar, afinal ele já é um senhor de 73 anos!
Um artista inglês com a emoção vocal de um bluesman sulista que se apresenta como a estrela do trabalho, quiçá em sua melhor forma em estúdio, sacando solos de gaita inspirados à todo momento, suplantando até mesmo a malícia rústica das guitarras de de Keith Richards, que não é apenas um ícone folclórico do Rock N’ Roll cercado por lendas, e sim um caminhante por arranjos esmerados construídos sobre suas marcas registradas em afinações diferenciadas e originais.
Richards é um maestro no Blues, mas Jagger rouba o protagonismo, até mesmo das lendas vivas Charlie Watts e Ron Wood (que não estava na banda nos primórdios e mostra ser um exímio solista de Blues).
Se realmente estão saindo de cena, o fechar das cortinas e o apagar das luzes da ribalta deixarão uma impressão (ou vontade egoísta!) de que podiam nos dar mais, afinal, soam revigorados, como se fossem garotos em uma banda insana convidada no South Side, de Chicago.
Se realmente este for o último ato dos Rolling Stones, a maior banda de rock da história, sairão de cena com a imagem de invulneráveis!
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