The Vintage Caravan: Resenha de “Gateways” (2018)

 

The Vintage Caravan Gateways
The Vintage Caravan —“Gateways” (2018, Nuclear Blast, Shinigami Records) NOTA:9,5

Basta uma primeira audição em qualquer um dos três primeiros álbuns do Vintage Caravan para perceber as influências de Led Zeppelin, Rush e Gentle Giant, aliadas as passagens pesadas e aos climas mais sombrios, tudo envolto num espírito progressivo,  obscurecido por sonoridades metálicas.

Neste sentido, o trio islandês se destaca por entrelaçar as viagens psicodélicas com solos e riffs nervosos, algumas experimentações inspiradas no blues,  e um acachapante peso groovado.

No caminho evolutivo de sua discografia, “Gateways”, quarto disco do The Vintage Caravan, é construído com a energia da juventude aliada com a experimentação de quem começou bem cedo e vive na estrada.

Musicalmente, equilibraram o espírito progressivo de “Voyage”, segundo disco, com as inspirações metálicas de “Arrival”, terceiro álbum, pelo fulcro da abordagem setentista, investindo em complexidade entremeada a melodias certeiras.

Doses homeopáticas de psicodelia se harmozinam com riffs nervosos, e experimentações pontuais separam o peso acachapante dos movimentos groovados, das explorações do blues.

Faz bem enaltecer a técnica apurada de Óskar Logi Ágústsson nas seis cordas, com técnica, feeling e ousadia nas timbragens, oferecendo um trabalho irrepreensível e cristalino, como feito em “Set Your Sights”, uma faixa esmerada nas harmonias e movimentos mais difíceis, além de um inflamado sentimento roqueiro nos gancho melódicos e poderosos.

 “Set Your Sights” é a faixa de abertura de “Gateways” que de saída nos entrega alguns elementos que serão chave na construção do álbum: riffs groovados, bateria polirrítmica, passagens multifacetadas e fúria roqueira que reforça a chapação do stoner à lá Black Sabbath.

E não seria exagero dizer que só essa faixa valeria o disco, mas “Gateways” ainda tem muito mais a nos oferecer.

Na sequência, “The Way” (mais tradicional, mas não menos interessante) e “Reflections” (peso e psicodelia em atrito) nos mostra que aquela costura de referências dá mais espaço à personalidade do power trio islandês que, por sua vez, tenta inserir algo de instigante em suas composições, mas sem apelar para exibicionismos técnicos ou complexidades quase herméticas.

“Gateways” é um disco intenso, com melodias de peso psicodélico, resumindo bem o stoner moderno por uma clima bem definido nos arranjos climáticos, na lisergia da produção e na chapação das guitarras.

Mas também é um disco que amplia suas influências e mostra a evolução do trio como compositores.

E a confirmação dessa observação vem na sequência com “On The Run”, e suas passagens instrumentais bem criadas, transições e melodias cuidadosamente elaboradas. Tem algo nessa música que lembra o Blue Oyster Cult de seus primeiros três discos (com uma vibe à lá “Astronomy”).

Aliás, essa aproximação das formas do Blue Oyster Cult  (pré-“Agents of Fortune”) também aparece na preciosidade psicodélica intitulada “Nebula”, uma power ballad com aura space rock e doses viajantes de Pink Floyd, mas com a força do Vintage Caravan.

Essa faixa está na segunda parte de “Gateways”, claramente mais psicodélica e progressiva que sua metade inicial, apresentando faixas como “Farewell” (que traz um órgão como arauto do groove melódico), “Tune Out” (belíssima balada inspirada pelas possibilidades lisérgicas do blues) e “The Chain” (de timbragem folk, como se o Black Sabbath se fundisse ao Crosby, Stills, Nash & Young numa viagem lisérgica).

É fato que nos movimentos mais afinados ao stoner, o Vintage Caravan cai no lugar comum, mas ainda assim, cada composição deste grupo traz um detalhe que equilibra o mais do mesmo com o brilhantismo (conferido em doses diferentes em cada caso).

“Reset”, por exemplo, se vale de um solo quase experimental para adornar um stoner certeiro, mas comum, enquanto “All this Time” saca um refrão melancólico em contraste ao riff “sabbathico”, que funciona tão bem que faz dela uma das melhores de “Gateways”. Já “Hidden Streams” é a composição com cara de hit, explorando o poder dos backing vocals e dos teclados pontuais do vintage rock. 

Existe uma preocupação com cada mínimo detalhe de “Gateways”, mas a emoção e os elementos orgásticos continuam intactos.

A evolução do Vintage Caravan se mostra na capacidade de modernizar e ousar os aspectos vintage de sua música, especialmente nas guitarras e nos vocais, por sua vez mais confiantes, versáteis e conscientes de sua amplitude e capacidade.

Chama a atenção a coesão das composições como partes de um todo. Se antes, eles se dividiam numa bonita colcha de retalhos de referências, agora, o disco todo segue por um desenho sonoro contínuo e envolvente.

Em suma, estão tão ousados quanto o Witchcraft, e se aproximam do teor progressivo da atual fase do Opeth. E ainda que conecte de forma moderna as abordagens distintas do espectro do rock setentista, “Gateways” faz do Vintage  Caravan, hoje, o melhor nome de seu nicho!

TRACKLIST

1. Set Your Sights
2. The Way
3. Reflections
4. On The Run
5. All This Time
6. Hidden Streams
7. Reset
8. Nebula
9. Farewell
10. Tune Out

FORMAÇÃO

Óskar Logi »» guitarra, vocal
Alex Örn »» baixo
Stefán Ari »» bateria

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1 comentário em “The Vintage Caravan: Resenha de “Gateways” (2018)”

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