Colin Wilson – “Vampiros do Espaço” (1976) | Resenha

 

“Vampiros do Espaço” é um romance de terror e ficção científica britânico escrito pelo autor Colin Wilson, e publicado pela primeira vez na Inglaterra e nos Estados Unidos pela Random House em 1976. Este já era o quinquagésimo primeiro livro de Wilson, entre títulos de ficção e não-ficção, e narra sobre os restos de uma raça de vampiros intergalácticos que são trazidos do espaço sideral e inadvertidamente soltos na Terra. Abaixo segue nossa resenha do livro.

Colin Wilson - Vampiros do Espaço (1976)

Sinopse de “Vampiros do Espaço”, de Colin Wilson

Quando o Capitão Carlsen e sua tripulação se deparam uma nave perdida, e parcialmente destruída no espaço, e resgatam os corpos de três misteriosas criaturas humanoides, mantidas em animação suspensa, os louros da maior descoberta da humanidade lhe são oferecidos, junto a uma preocupação que o persegue desde o primeiro instante dentro da nave misteriosa.

Mais tarde, após trazer três destes aliens para a Terra, suas preocupações iniciais são mais do que justificadas. As criaturas são vampiros de energia que possuem uma sedução fatal e que colocarão Carlsen numa verdadeira jornada investigativa e fantástica.

Resenha de “Vampiros do Espaço”, de Colin Wilson

Poucas foram as obras que conseguiram modernizar o mito do vampiro como Colin Wilson praticou em Vampiros do Espaço. Talvez, apenas Chuck Hogan e Guillermo Del Toro tenham obtido tanto êxito neste quesito após a publicação desta obra que misturava ficção científica, literatura gótica e thriller policial, tendo seu embrião num desafio feito a Wilson pelo escritor August Derleth: “já que você critica tanto os livros de Lovecraft, por que não tenta escrever um romance fantástico, para ver como se sai?”

Deste desafio nascia o romance “Os Parasitas da Mente” (1967), que discute, em meio as aventuras fantásticas, o modo de ser do homem de nosso tempo, descrente da vida e do conhecimento, idéias que seriam desenvolvidas pelo prisma de Wilson e estendidas em “Vampiros do Espaço”.

Segundo o próprio autor, este livro nasceu de uma discussão com o amigo A. E. van Vogt, famoso no gênero terror pelo conto “O Asilo”, que deixou sua marca de influência em algumas passagens de “Vampiros do Espaço”. Mas, apesar de toda a ambientação tipicamente scifi e do toque de terror clássico, o que temos nestas páginas é uma história policial, embasada numa sagaz analogia entre vampirismo e psicologia criminal, que certamente influenciou as inúmeras séries modernas, ao misturar ciência, literatura fantástica e investigação criminal.

A trama se passa por volta de 2080, onde os telefones viraram tele-telas, existem naves espaciais que percorrem grandes distâncias e veículos para transporte usual que marcam os 600 km/h. Trata-se de um futuro onde evoluímos tecnologicamente e, ao que tudo indica, as nações estão regidas sob um único governo e o mundo já se vê praticando o salutar controle da natalidade.

Mesmo com todo este futurismo, o clima gótico é permanente e, apesar do arcabouço fantástico, o caráter lógico e sóbrio é a espinha dorsal da trama, sem se embriagar nas nuances fantásticas, costurando evidências e não colocando crenças ou descrenças à prova.

Talvez os pontos mais positivos da obra estejam no ritmo da narrativa e na fuga dos clichês clássicos. No primeiro caso, a costura de diversos tipos de narrativa fantástica, que oxigenou o desenvolvimento, envolvendo o leitor na trama, foi tingida com modernidades, tornando imperceptíveis o locais onde terminavam ficção científica, romance policial, terror clássico e onde começavam as discussões sócio-políticas, literatura gótica, teoria dos deuses astronautas, mitologia judaico-cristã e exorcismo.

Quanto aos clichês, enquanto os clássicos buscam o romance ou a atração pelo grotesco e os modernos buscam explicações científicas e biológicas, “Vampiros do Espaço” se dirigiu rumo às discussões psicológicas do vampirismo, como consequência da evolução degenerada de uma raça-mãe, que pode nos levar a ter o mesmo desejo, mesmo que involuntário, em sugar energia vital, e não sangue, numa visão quase espiritualista como a que temos hoje (os vampiros de alma), além das discussões filosóficas altamente pertinentes do desfecho, cuja cena se assemelha a um exorcismo e nos dá uma nova alegoria para a crença em seres superiores.

Tudo isso faz de “Vampiros do Espaço” um clássico dentro de seu segmento, dono de uma profundidade quase inalcançável e construído sobre possibilidades desconfortavelmente reais.

A Adaptação Para o Cinema

Em 1985, foi lançada a adaptação cinematográfica da obra, intitulada  “Força Sinistra”, e que provocou a ira do escritor. Quando perguntado sobre o que achou do filme dirigido por Tobe Hooper, Wilson implacavelmente disparou: “Achei horrível! O pior filme de todos os tempos!” 

Todavia, é importante mencionar que o diretor criou um filme bem distinto do livro, contextualizando seu roteiro em 1986, ao invés de 2080, bem como diferenças gritantes em personagens e estruturas importantes da trama. É o típico caso de adaptação onde a palavra “inspiração” cabe como uma luva!

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