Raimundos: O peso atemporal do disco “Lapadas do Povo” no Rock Nacional

 

Relembre o pesado e atemporal disco “Lapadas do Povo”, uma parcela que deve ser redescoberta na discografia da banda Raimundos, um nome lendário do Rock Nacional. “Lapadas do Povo”, o quarto álbum de estúdio da banda brasileira de punk rock, Raimundos, lançado originalmente em 1997 e produzido por Mark Dearnley, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.

Relembre o pesado e atemporal disco "Lapadas do Povo", uma parcela que deve ser redescoberta na discografia da banda Raimundos, um nome lendário do Rock Nacional. "Lapadas do Povo", o quarto álbum de estúdio da banda brasileira de punk rock, Raimundos, lançado originalmente em 1997 e produzido por Mark Dearnley, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.

Sem dúvidas, “Lapadas do Povo” é o trabalho mais sofisticado, pesado e bem produzido da banda Raimundos. Lançado em 9 de outubro de 1997, o disco chega no ápice de prestígio da banda dentro do rock nacional. 

Este vai ser o primeiro trabalho onde o quarteto se descola dos elementos da musicalidade e estética nordestina que permeavam os discos anteriores, o que deu mais espaço para o peso das guitarras que, por vezes, esbarram na estética tempestuosa do heavy metal. 

As letras ainda possuem apelo de contexto social e junto com a produção fuuncionam com o catalisador da energia contestadora de “Lapadas do Povo”. O produtor Mark Dearnley, o mesmo do clássico “Lavô Tá Novo”, voltou a trabalhar com o Raiumundos e realizou as gravações em estúdios da Califórnia, um deles o badalado Sound City, onde bandas como Nirvana e Red Hot Chili Peppers já haviam feito registros.

Raimundos Lapadas do Povo
Oferta: CD Raimundos: “Lapadas do Povo”, lançado em 1997.

Por que você devia ouvir o disco “Lapadas do Povo”, do Raimundos?

Definição em um poucas palavras:  (Som de Macho)²,  Alternativo, Contra Tudo Isso Que está aí, Guitarra, Pesado, Pra Encher a Cara, Punk, Som Brasil, Urbano.

Estilo do Artista: Punk.

Comentário Geral:  Eis aqui uma banda que não titubeava em “praticar o impraticável”. Conseguiram sucesso fundindo punk rock versado em português com arquétipos musicais nordestinos, recheando suas mensagens com pitadas extravagantes de duplos sentidos.

Mesmo com toda esta audácia e sonoridade carregada de peso, emplacaram sucessos nas rádios e veicularam clipes na Tv, aparecendo nos principais programas das grandes emissoras do país.

Oriundos do coração do Planalto Central, o quarteto batizado apenas de Raimundos saiu de Brasília para lotar shows em todo o território nacional, após lançar um primeiro álbum que se tornou um marco do rock brasileiro. Influenciados por Ramones e Dead Kennedys, eles conseguiram dar fôlego a uma cena que vinha saturada após o estouro dos anos oitenta e buscava uma guinada para ganhar adeptos das novas gerações.

Canções como “Puteiro em João Pessoa”, “Esporrei na Manivela” e “Palhas do Coqueiro” extrapolaram as estribeiras da permissividade lírica dentro do rock nacional, se tornado verdadeiros hinos de uma juventude que se ligava em sucessos radiofônicos como “I Saw You Saying” e “O Pão da Minha Prima”. Não obstante, conseguiram a proeza de espalhar pelas ondas do rádio uma canção com acento musical brega e letra pornográfica, a saber “Selim”.

O sucesso era arrebatador!

Em dois anos após o lançamento do primeiro álbum já eram escalados para festivais em solo tupiniquim ao lado de medalhões como Iron Maiden e Motorhead. Entretanto, o auge como compositores dentro do estilo que se propunham só viria no álbum “Lapadas do Povo”, de 1997.

Sem dúvidas, "Lapadas do Povo" é o trabalho mais sofisticado, pesado e bem produzido da banda Raimundos. Lançado em 9 de outubro de 1997, o disco chega no ápice de prestígio da banda dentro do rock nacional. 
Sem dúvidas, “Lapadas do Povo” é o trabalho mais sofisticado, pesado e bem produzido da banda Raimundos. Lançado em 9 de outubro de 1997, o disco chega no ápice de prestígio da banda dentro do rock nacional. 

Gravado em Los Angeles, é o álbum menos vendido do Raimundos, mas o melhor musicalmente. Boa parte do humor rasteiro de outrora havia sido deixado para trás  e banda investia em letras e sonoridades mais sérias.

O peso era sentido já no pulsar dos primeiros acordes de “Andar na Pedra”, uma das melhores composições da banda em sua história. Apesar da letra confusa, fica evidente que os versos carregados da verborragia de baixo calão de outrora darão lugar a críticas sociais.

Outra canção que nos mostra este fato de modo mais claro é a fenomenal “Baile Funky”. Com base extremamente pesada, solo visceral e letra entoada de modo veloz, esta pedrada nos apresenta uma parede sonora acachapante, pedindo para ser apreciada em máximo volume.

Os versos que compõem sua letra estão saturados de gírias e reflexões diretas (como no frase “se todo excesso fosse visto como fraqueza e não com insulto, já me tirava do sufoco”).

Ainda presenciamos uma brincadeira do destino, onde uma das estrofes critica fortemente as igrejas que cobram dízimos dos fiéis, lugar onde estaria Rodolfo, um dos compositores da canção, anos à frente. Estas duas canções estão diametralmente opostas no álbum, respectivamente, abrindo e fechando-o.

Entre estas duas pérolas do metal/punk nacional temos mais alguns destaques. O peso que assustou alguns fãs se mostra presente em canções como “Véio, Manco e Gordo”, “Wipe Out”, “Crumis Ódamis” e “Nariz de Doze” (uma das melhores do álbum), sempre adornadas com as guitarras mais pesadas que o usual, enquanto canções como “CC de Com Força”, “Bonita” e “Ui Ui Ui” são as que mais se aproximam da sonoridade precedente da banda.

A influência de Ramones é evidente nas canções “O Toco” (essa com um pouco mais de melodia no refrão), “Poquito Más” (onde o vocal de Rodolfo se aproxima de Joey Ramone e possui pitadas de arranjos de metais) e na versão de “Ramona”, que em sua encarnação “aportuguesada” se tornou “Pequena Raimunda”.

Não poderia deixar de citar o cover para “Oliver’s Army”, de Elvis Costello, que ganhou tons mais roqueiros, com guitarras certeiramente punk, andamento mais veloz e voz mais crua em contraponto aos tons aveludados de Costello e os  trejeitos de new wave da versão original.

Este álbum marca o fim da boa fase do Raimundos que, antes de se esfacelar como banda, buscou tendências deveras comerciais (mesmo que de modo sarcástico) no limiar dos anos 90. Porém, “Lapadas do Povo” não deve ser subestimado, pois é o mais maduro lançamento do quarteto de Brasília.

Oferta CD Raimundos Só no Forevis
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Ano: 1997

Top 3:  “Andar Na Pedra”, “Baile Funky” e “Nariz de Doze”.

Formação:  Rodolfo (Guitarra e Vocal), Digão (Guitarra), Canisso (baixo) e Fred (Bateria)

Disco Pai: Ramones: “Rocket To Russia” (1977)

Disco Irmão: Tequila Baby: “Tequila Baby” (1997)

Disco Filho: Matanza: “Música Para Beber e Brigar” (2003)

Curiosidades: A imagem da capa foi feita por um roadie do Raimundos durante as gravações do álbum nos Estados Unidos. O reflexo presente na traseira do caminhão que transportava líquidos inflamáveis é a van da banda que trafegava em alguma auto estrada norte-americana. Os números inseridos nas placas do caminhão representam as datas de início e término das gravações do álbum.

Pra quem gosta de: Ramones, “raimundas”, puteiros em João Pessoa e som “trampado” (pra quem sabe o que é som “trampado”).


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1 comentário em “Raimundos: O peso atemporal do disco “Lapadas do Povo” no Rock Nacional”

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