Memorian – “For The Fallen” (2017) | Resenha

 

“For The Fallen” é o 1º álbum da banda britânica de death metal Memoriam, que é um supergrupo formado por membros do Bolt Thrower e do Benediction e reafirma toda a herança musical de seus integrantes.

Abaixo você lê nossa resenha deste disco lançado pela parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records.

Memoriam - For the Fallen (2017, Shinigami Records, Nuclear Blast) Resenha Review

O riff soturno, maléfico e sorumbático da faixa “Memoriam” anuncia o despertar de mais um monstro do Metal Extremo: o Memoriam! Praticando um Death Metal à moda britânica old school, é impossível não se envolver com as oito faixas que completam “For The Fallen”, primeiro álbum da banda, afinal, ele é manufaturado pelas mãos de velhos conhecidos da cena extrema, à saber, Karl Willetts (vocal, Bolt Thrower), Frank Healy (baixo, Benediction), Andy Whale (bateria, ex Bolt Thrower) e Scott Fairfax (guitarra, músico ao vivo do Benediction).

Ou seja, o Memoriam é uma quimera de renomados músicos da escola britânica do Metal Extremo, que se juntaram, em janeiro de 2016, para reavivar aquela pratica européia do Death Metal: encorpada, obscura, cavernosa, sepulcral, causticante e áspera, com menos groove se comparada a escola americana, mais puxada para o Doom Metal, e com produção bem orgânica e suja.

A banda nasceu dos recentes pesares vividos por seu membros, ocasionados pela perda de pessoas próximas,  fato que se reflete na morbidez quase palpável que aclimata as composições. Karl Willets chegou até mesmo a declarar, em março de 2016, que a banda foi formada em tributo a Martin “Kiddie” Kearns, baterista do Bolt Thrower que faleceu aos 38 anos, em 2015, e que substituiu o, aqui presente, baterista Andy Whale na turnê do álbum “...For Victory” (1994).

Acredito que os fãs das novas gerações do gênero possam sentir falta dos blast-beats, ou das intricadas, asfixiantes, e quase atléticas exibições técnicas, mas até estes verão que Frank Healy  e Andy Whale são mestres artesãos em suas artes, não deixando cair a intensidade e o poderio das composições, mesmo que a seção rítmica não explore velocidade e extrema brutalidade.

Nesse contexto, ao melhor estilo clássico, cortado por guitarras incisivas e alicerçado por uma cozinha ciclópica, faixas como “War Rages On”, “Reducted To Zero”, e “Sorrounded (by Death)”, apresentam aquela violência orgânica e ácida, de vocais guturais inteligíveis, longe do frenesi da alta velocidade, desenhando, por andamentos variados e dinâmicos arranjos, um Death Metal puro, do qual muitos fãs se viam saudosos e sedentos.

Eis, então, que temos uma forma musical pesada, com consciência da não obrigatoriedade de fazer emergir o extremismo da agressividade instrumental. Por estas composições, reaprendemos que este extremismo pode ser conseguido através daquele sentimento de gelar a espinha. Sim, aquele que um simples riff mórbido pode provocar! Para compreender como isso é possível basta uma audição em “Last Words”, faixa que encerra este álbum com riffs que tangenciam o Metal Tradicional, mas com a densidade de um buraco negro que drena sua positividade lentamente.

Além disso, o dinamismo das faixas é impressionante, principalmente quando nos damos conta de que elas são construídas pelos mesmos pilares, rearranjados e combinados de modo diferentes, dando às tonalidades clássicas de bandas como Bolt Thrower e Benedction, um respiro moderno, mas ainda assim, violento e maléfico, à sua maneira.

As passagens cadenciadas hipnotizam enquanto as mais vigorosas empolgam na mesma medida.  As guitarras de Fairfax estão muito bem timbradas, combinando texturas que envolveram suas linhas num clima pútrido e mórbido, e o modo com que usa a distorção para cortar os arranjos é destacável dentro de sua performance versátil. Ouça “Resistance” e entenda como se pode ser fiel às raízes do Death Metal e, ao mesmo tempo, ultrajantemente moderno.

Dentre os destaques máximos, temos “Corrupted System”, com o pé atolado no coturno punk, acelerando o ritmo, alternando passagens levemente groovadas e carregando na intensidade, “Flatline”, com sua insanidade impressa por uma massa instrumental, e a arte da capa, concebida por Dan Seagrave, que consegue capturar todo o clima desolador e mórbido do trabalho.

Este é um álbum que, além de reafirmar a herança Death Metal de seus integrantes, celebrando a vida pelo metal da morte, mostra como o lado grotesco pode ser tão fascinante e (por que não?) classudo dentro de seu segmento!

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