Loudness – Resenha de “Rise To Glory” (2018)

 

Loudness - Rise To Glory
Loudness: “Rise To Glory” (2018, earMUSIC, Shinigami Records) NOTA:8,5

A década de 1980 assistiu ao surgimento de uma poderosa cena metálica formada por bandas oriundas do Japão, liderada pelo Loudness, que após a assinatura de contrato com a Atlantic, experimentou um relativo sucesso mundial com álbuns como “Thunder in the East” (1985), “Lightning Strikes” (1986) e “Hurricane Eyes” (1987).

Nestes álbuns já se destacavam pelos riffs precisos, os solos brilhantes, a cozinha sólida e os vocais envolventes, que guiavam faixas, ora velozes, ora cadenciadas, construídas sobre o peso do metal tradicional mesclado à melodia do hard rock.

Na década seguinte, o Loudness sofreu com mudanças de formação, até retornar com a formação clássica em 2000. Nesse ínterim, a discografia oscilou, com alguns discos abaixo da qualidade esperada da banda (o que também aconteceu após o retorno da formação clássica, como o discutível “Terror” [2004]), mas se mantiveram sempre produtivos e ativos.

Prova disso é que 2018 vê o lançamento de “Rise To Glory” (2018), o primeiro disco do Loudness em quatro anos, que chega após “The Sun Will Rise Again” de 2014, e seu vigésimo sétimo álbum de estúdio da carreira.

De cara,  Soul on Fire”, a abertura de “Rise To Glory”, mostra que a fusão de hard rock heavy metal da banda permanece afiada, cheia de paixão, e trabalhada pela maturidade de Minoru Niihara (vocal) e  Akira Takasaki (guitarra), duas lendas do metal japonês, que possuem na bagagem experiência, técnica, e feeling para construir composições cheias de alma.

Aliás, Akira Takasaki conseguiu criar uma personalidade própria muito cedo em sua carreira. Ele guiou o instrumental classudo do Loudness, misturando traços de influência de Ritchie Blackmore, Eddie Van Halen e Uli John Roth, mas com muita identidade e agora com maturidade (ouça “I’m Still Alive” e confira todo o poder deste guitarrista) para usar sua versatilidade (ouça “Until I See The Light”) em serviço da técnica (dê uma checada na instrumental “Kama Sutra”), da timbragem e das texturas.

De fato, as guitarras são o ponto alto do instrumental de “Rise To Glory”, mostrando uma retomada do elemento que sempre fora a marca registrada da sonoridade do Loudness.

Essa retomada junto a produção deram um sabor híbrido entre o passado da banda e seu presente, um objetivo implícito no subtítulo do trabalho, “8118”, seu ano de fundação ao lado do ano de lançamento de “Rise To Glory”.

loudness rise to glory
 “Rise To Glory” (2018), é o primeiro disco do Loudness em quatro anos, e seu vigésimo sétimo álbum de estúdio na carreira.

Takasaki também foi o responsável por produzir  “Rise To Glory”. E a produção é um dos pontos que mais me agradaram. Limpa e orgânica, trouxe a vibração positiva dos anos de ouro da banda, mas com modernidade na medida certa para agradar os novos ouvidos.

É fato que o Loudness ousou em seus últimos discos, dando contornos mais experimentais, sombrios e pesados à sua musicalidade, mas em  “Rise To Glory” temos o quarteto nipônico investindo novamente em melodias certeiras, vocais bem alocados e intensos, além de da consistência das linhas de guitarra construídas dentro da estética do heavy metal.

Um ponto extremamente positivo de  “Rise To Glory” (2018) é e a dinâmica impressa pela variação que existe entre suas composições, desde o instrumental às letras. Temos composições velozes, melódicas, tempestuosas, e até melancólicas, oxigenando a fórmula bem concretizada pela já mencionada produção muito acima da média.

metal clássico aparece em “Massive Tornado” (resvalando no thrash metal e com vocais furiosos de Minoru Niihara), “Why and for Whom” e na bônus “Let’s All Rock”, enquanto a tradição das músicas rápidas do Loudness é mantida em “Rise to Glory” .

Já a melodia bem trabalhada mostra seu valor em “The Voice” e “Rain” (com um riff sabático e guitarras cativantes), e o hard n’ heavy mantém o apelo cativante do disco em faixas como “Go For Broke”, e “No Limits”.  Outra que esbarra no thrash metal é “I’m Still Alive”, uma das melhores de  “Rise To Glory”. Tudo isso tendo a maturidade como fulcro entre a técnica e a criatividade.

A versão brasileira de “Rise To Glory”, assim como a norte-americana e a européia,  é lançada em CD duplo, sendo o segundo CD, intitulado “Samsara Flight”, lançado originalmente de forma exclusiva no Japão em 2016, uma coleção com 13 dos primeiros clássicos da banda regravados. Esse álbum fez parte das comemorações dos 35 anos do Loudness e se torna um bônus de luxo, afinal podemos contar com versões renovadas de clássicos como “In The Mirror”, “Devil Soldier”, e “Loudness”.

“Rise To Glory” é um novo disco empolgante de uma banda clássica!

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