Krisiun – Resenha de “Scourge of the Enthroned” (2018)

 

Por Ricardo Leite Costa

Krisiun - scourge of the enthroned - death metal - metal da morte
Krisiun – “Scourge of the Enthroned” (2018, Shinigami Records, Century Media) NOTA:10

Creio que nem os próprios irmãos Kolesne vislumbraram um dia chegar a este nível de importância e qualidade no Death Metal mundial.

Se o Krisiun é hoje uma das maiores bandas nacionais de todos os tempos, representando o Brasil com louvor mundo afora, acredite: foi mérito próprio, fruto de muita coragem e determinação. “Scorge of the Enthroned” marca a melhor fase do trio gaúcho, onde atingiram um nível de técnica e excelência impressionantes.

O Krisiun já afirmou em diversas entrevistas uma preocupação em nunca se repetir, se auto-plagiar, e de fato continuam mantendo essa postura, embora em “Scourge of the Enthroned” um retorno às raízes parece ter sido a melhor escolha.

Mais direto que seu antecessor, “Forged in Fury” (2015) – cuja resenha você lê aqui -, o álbum já começa com cinco pedras na mão.

A faixa título até começa mais cadenciada, calma, pra logo em seguida explodir em fúria devastadora, com Max (bateria) e Moyses (guitarra) conduzindo uma autêntica locomotiva desgovernada na ladeira. Tudo muito preciso, minucioso e pesado como poucos. Posso arriscar dizer que “Scourge of the Enthroned” é um dos álbuns mais pesados da carreira do Krisiun.

Quando você recobra os sentidos e as funções motoras, surge “Demonic III” revivendo os gloriosos tempos de “Black Force Domain” (1995) e “Conquerors of Armageddon” (2000). Uma composição brutal, técnica e veloz, onde a banda se reafirma como uma das maiores formações da história de todo o gênero.

É preciso enaltecer a habilidade dos irmãos individualmente.

Moyses Kolesne é uma usina de riffs e solos intrincados. O sujeito está tocando que é uma barbaridade, numa clara demonstração de dedicação integral ao instrumento.

Max Kolesne é uma incógnita para a ciência até hoje. Nunca ninguém vai descobrir de onde vem tanta energia, precisão e pegada. Seu desempenho em “Scourge of the Enthroned” é sobre-humano e, sim, o melhor de sua carreira como baterista. Deve ter seu busto forjado em bronze exposto na praça da Sé para as futuras gerações conhecerem quem foi o maioral no instrumento.

Alex Camargo está lá, dando peso e sustentação às composições, com seu baixo encouraçado e vocal intimidador. Um frontman dos mais respeitáveis.

Continuando com o absurdo que está este disco, temos “Devouring Faith” e “Slay the Prophet”, duas tijoladas na sequência capazes de pulverizar os dentes até da boca do estômago. Movido pelo entusiasmo e empolgação, descrevi metade do disco, mas não se preocupe: ainda temos a outra metade conclusiva que, se não supera a anterior, ainda mantém o nível elevado.

Sabe aquela faixa que já nasce clássica? Pois bem, apresento-lhes “A Thousand Graves”. Típica composição Death Metal, onde o peso exuberante está intrinsecamente conectado com a robustez e técnica que o estilo pede, perfazendo um genuíno deleite para os fãs de extremidades sonoras bem executadas.

“Electricide”, “Abysmal Misery (Foretold Destiny)” e “Wirlwind of Immortality” protagonizam o encerramento mais apoteótico entre os últimos lançamentos da música extrema mundial.

Sabe quando a banda supera todos os seus limites? Pois bem, essas três faixas representam isso: a superação, a perfeição, a hegemonia e a onipresença de uma banda que já escreveu, com suor e sangue, seu nome na história, não só da música pesada, mas da música como um todo.

Não consigo encontrar mais palavras que definam a importância e o impacto de “Scourge of the Enthroned”.

Você tem a obrigação cívica e moral de adquirir sua cópia agora e bradar aos quatro ventos: “Death Metal acima de tudo. Krisiun acima de todos!”

TRACKLIST

1. Scourge of the Enthroned
2. Demonic III
3. Devouring Faith
4. Slay the Prophet
5. A Thousand Graves
6. Electricide
7. Abysmal Misery (Foretold Destiny)
8. Whirlwind of Immortality

FOMAÇÃO

Alex Camargo (vocal/baixo)

Moyses Kolesne (guitarra)

Max Kolesne (bateria).

 

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