Immortal – Resenha de “Northern Chaos Gods” (2018)

 

Immortal-Northern Chaos Gods
Immortal: “Northern Chaos Gods” (2018, Shinigami Records) NOTA:8,5

A capa monocromática e primitiva ecoa, antes mesmo de ouvirmos o álbum, o início do black metal norueguês dos anos 1990, quando a Noruega explodiu como a meca do gênero, tanto pela música quanto pelas polêmicas que envolviam o Inner Circle.

Até por isso e pelo fato de Demonaz (guitarra) retomar a liderança nas composições, é impossível não criar uma expectativa quanto a volta do Immortal à sua sonoridade da primeira década, quando chegou a se sentar no trono do black metal mundial.

O fato é que quase uma década se passou desde o último álbum do Immortal, “All Shall Fall” (2009), e nesse meio tempo houve uma briga judicial entre Abbath e Demonaz, os dois nomes mais importantes da banda, pelo seu nome.

Com o nome ficando para a dupla Demonaz e Horh (bateria), e apoiados por Peter Tagtgren que tocou baixo, “Northern Chaos Gods”, novo disco do Immortal, chegou bem mais extremo e fincado nas raízes do black metal norueguês, confirmando a impressão deixada pela capa, mas com uma variedade impressionante entre as composições.

Ouça o início pesado e maléfico de “Mighty Ravendark”, faixa que fecha o trabalho, para entender o que quero dizer!

Na outra ponta de “Northern Chaos Gods” faixa-título já remete a “Damned in Black”, álbum de 2000, com influências de thrash metal  nos riffs brilhantes com a personalidade de Demonaz. Uma faixa dona de uma energia escura, belicosa e fria que permeará todo o disco.

Entre estes dois momentos “Northern Chaos Gods” se desenrola como um disco crú, visceral, e direto nos ritmos, de riffs gélidos e ríspidos, criando um repertório que não dá tréguas em seu metal invernal e agressivo, mas sem se esquecer dos aspectos melódicos e épicos de sua segunda fase, dando fôlego à dinâmica caustica, donde “Into Battle Ride”, “Grim and Dark”, “Called To Ice” “Blacker of Worlds” são faixas que renovam os aspectos da escola norueguesa do gênero.

“Northern Chaos Gods” é um disco que dialoga com o legado do Immortal. “Mighty Ravendark”, por exemplo, a épica faixa de encerramento, recorda-nos de “Battles in the North” (1995), retomando a temática de Blashyrkh, o reino gélido e sombrio criado por Demonaz.

Ao mesmo tempo que também temos influências bem definidas, como em “Where Mountains Rise” e “Gates to Blashyrkh”(uma aula de heavy metal que mescla bem o peso com os climas) que trarão à tona todas as ascendências de Bathory que incidem sobre a musicalidade do Immortal.

Em suma, “Northern Chaos Gods” é um álbum orgânico, quase despido de qualquer traço de artificialidade moderna, dando a sujeira certa que caracteriza a aspereza e crueza do black metal, voltando a estética musical de “Damned in Black” (1999) e “Sons of Northern Darkness” (2000), sem aquele apelo black n’ roll.

Até por isso, julgando pelos lançamentos solo de Abbath , vemos perfeitamente que sua mão estava pesada nos últimos discos do Immortal.

É importante lembrar que após o álbum “Blizzard Beasts” (1997), Demonaz sofreu com uma tendinite no braço que o permitia tocar apenas vinte minutos de guitarra por dia.

Esse problema o acompanhou durante cinco anos, quando ele fez duas cirurgias, e precisou de alguns meses de recuperação para que a dor fosse diminuindo e ele pudesse tocar confortavelmente. Nesse meio tempo, sua influência se tornou menor dentro das composições do Immortal,

Com isso em mente, “Northern Chaos Gods”  soa quase como sua redenção, podendo novamente colocar sua marca num álbum do Immortal, ainda com mais força.

Concordo que pode não ser uma nova magnus opus do black metal, porém, “Northern Chaos Gods” é um disco consistente, e principalmente mostra o Immortal num caminho musical do qual não deveria ter se desviado. Só por isso já vale a audição cuidadosa!

Tracklist:

1. Northern Chaos Gods
2. Into Battle Ride
3. Gates to Blashyrkh
4. Grim and Dark
5. Called to Ice
6. Where Mountains Rise
7. Blacker of Worlds
8. Mighty Ravendark

Formação:

Demonaz (Vocais, Guitarras)
Horgh (Bateria)
Peter Tägtgren (baixo)

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