RESENHA | “O Despertar” (“The Awakening”/2012)

 

“O Despertar” é um filme que traz o apelo das clássicas ghost stories novamente para o foco.

O ano é 1921, pouco após a Primeira Guerra Mundial.

Assombrada pela morte de seu noivo, Florence Cathcart (Rebecca Hall) resolveu dedicar sua vida a investigar supostos casos paranormais, usando a lógica para explicá-los.

Ela aceita o convite para ir a uma escola onde um garoto foi encontrado morto e, segundo rumores, seu fantasma assombra o local.

Logo ela começa a buscar evidências científicas que expliquem a situação, só que suas descobertas aos poucos colocam em dúvida tudo o que sabe até então.

Resenha de Filme - O Despertar (2012) The Awakening

NOSSA RESENHA DE “O DESPERTAR”

As ghost stories formam um dos filões mais perigosos dentro do gênero terror, afinal é muito fácil cair no marasmo da mesmice e da repetição dos clichês quando se caminha por este terreno.

Clássicos como recente como  “Os Outros” (2001), “O Orfanato” (2007) e “Sexto Sentido” (1999), se entrelaçam a outros como “Os Inocentes” (1961) e “O Desafio do Além” (1963), são exemplos, e até séries recentes como “A Maldição de Hill House”.

Em “O Despertar” existem alguns escorregões neste sentido, mas nada que vá causar algo além de arranhões superficiais no interessante resultado final.

Na verdade, muitos dos clichês utilizados podem soar mais como referências e homenagens diretas aos clássicos, do que falta de criatividade!

Sim, a trama é ambientada num lugar isolado, grande, cheio de ecos, muitas portas e corredores, aposentos vazios e uma providencial floresta adjacente!

Ah, claro, e um sempre necessário lago de água turva!

E não te enganarei, a óbvia questão de qual das personagens é o fantasma faz parte da história, mas não resume o final da trama que, acreditem, é surpreendente, fugindo do habitual e deixando uma (sempre salutar) dúvida do que realmente aconteceu ali!

Todavia, existem discussões muito mais densas, diluídas nas camadas da narrativa, variando do papel da mulher na sociedade, o peso do passado, até o ceticismo racional, embasado na ciência, frente ao sobrenatural.

“O Despertar” ganha pontos importantes ao caracterizar muito bem a “geração perdida” do pós-guerra que vive pautado por uma praticidade atroz em detrimento dos sentimentos.

Uma geração que após uma tragédia mundial abdicou dos sonhos e que, nas palavras de um professor autoritário do filme, “precisa endurecer”. 

Isso tudo faz com que este filme seja mais inquietante do que assustador, sendo o mistério e as emoções latentes os maiores trunfos da película, alicerçados nas excelentes interpretações dos atores.

Palmas para a belíssima Rebecca Hall, que ao lado de um excelente Dominic West, dá um show à parte.

O roteiro é bem amarrado, conseguindo dar fluidez e cadência no processo início-meio-fim, sem acelerar nenhuma das etapas, muito em consequência dos diálogos rápidos e diretos, como se falar demais expusesse algum segredo, deixando ao espectador a análise das expressões corporais para compreender o real sentido das frases.

Ou seja, o trabalho duro fica à cargo dos atores, que não dividem espaço com efeitos mirabolantes ou ambientações que dividam a atenção do espectador, que está à todo momento de rosto colado aos atores, como consequência dos belos enquadramentos.

Mesmo assim, não estaremos livres de alguns sustos!

As movimentações da casa de bonecas pelos cômodos e a segunda sequência com ela dentro do quarto vazio, bem como a tentativa de estupro na floresta fria e úmida, vão deixar ao menos a palma da mão gelada.

A fotografia é belíssima, principalmente nos efeitos utilizados na epifania final (o tal despertar do título) da personagem principal e as caracterizações ajudam a dar o classicismo sóbrio necessário para uma elegante história de fantasmas, gênero que tem seus melhores momentos com bravas mulheres às voltas com acontecimentos inexplicáveis.

Esta convivência de mulheres e fantasmas faz parte do cânone do gênero e foi muito bem utilizada neste filme, que pode não trazer nada de novo, mas é aprovado e altamente indicado para quem curte uma boa história de fantasmas.

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