ERNEST HEMINGWAY | Escritor, Jornalista, Soldado e Espião.

 

Ernest Hemingway sempre fora uma figura pitoresca, dentro ou fora da literatura.

Seu círculo de amigos ia de garçons, prostitutas, e artistas, a escritores, caçadores, marinheiros, e até mesmo alguns oficiais do governo.

No mundo da espionagem existiu uma classe especial de espiões, conhecidos como amadores, que eram homens ou mulheres sem nenhum treinamento formal sobre espionagem e cujos esforços eram conduzidos apenas pelo patriotismo.

O termo espião amador denota pessoas que voluntariamente prestam serviços a seu país como espiões ou que concordavam em servir como ativos sem remuneração, simplesmente por ter algum tipo de acesso à importante inteligência estrangeira.

ERNEST HEMINGWAY - Escritor, Jornalista, Soldado e Espião.

Ernest Hemingway foi um espião?

Um dos mais famosos espiões amadores americanos foi o escritor Ernest Hemingway que, agindo contra a corrente comum, permaneceu ativo durante os tempos de guerra, período em que a necessidade dos amadores era reduzida.

Conta a história, que um mês depois de os Estados Unidos mergulharem no segundo conflito Global, o presidente Roosevelt ordenou à marinha que recrutasse um grande grupo de civis que pudessem usar suas embarcações numa patrulha atrás do U-Boat, um submarino alemão utilizado no conflito.

Dentre os voluntários, um dos mais empolgados era Ernerst Hemingway, em seu próprio Iate, e de arma no coldre.

Documentos comprovam que durante a Segunda Guerra Mundial, o escritor destinou seus esforços para além da literatura.

Hemingway teve relações com a seção de inteligência americana na embaixada em Havana, com ao menos três agências, sendo uma delas o FBI.

No mesmo período, contactou a inteligência soviética, a NKVD, uma predecessora da KGB.

Historicamente, foi um dedicado antifascista.

Hemingway em Havana

Em 1942, Hemingway usava seus contatos em Havana para ficar de olho nos espiões das Potências do Eixo, especialmente nas cidades com grandes comunidades espanholas.

E neste período em Havana, mesmo não encontrando nenhum espião do Eixo, produziu inúmeros relatórios. Conta-se que o único espião nazista na cidade foi desmascarado pela inteligência britânica, inferindo-se que ele frequentava os mesmo ambientes que Hemingway.

Esta operação em Havana nasceu de uma ideia ao lado do embaixador Spruille Braden, com o intuito de que Hemingway organizasse o “serviço de inteligência” que vigiasse fascistas na capital cubana.

Braden tinha em mente, na verdade, um serviço de contra-inteligência.

A operação foi batizadas pela embaixada americana de “The Crook Factory”, que adicionou, por causa de Braden e seu subordinado, Robert P. Joyce, à lista de problemas, os comunistas que já se avizinhavam no México.

A Relação com o F.B.I.

Todavia, a relação entre o escritor espião e o FBI não era das melhores, com desgaste advindo de críticas duras e severas, baseadas em acusações de conflito de interesses de ambas as partes.

Edgar Hoover, diretor do FBI, baseado  nos antecedentes alcoólicos de Hemingway, teria declarado que o escritor seria “o último homem, em minha consideração, a ser usado em qualquer competência. Seu juízo não é dos melhores”.

Muitos nomes importantes do alto escalão político-militar dos EUA tinham reservas expressas sobre o temperamento e as tendências esquerdistas de Hemingway.

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Hemingway era um correspondente de guerra na França, que foi atirado ao campo de batalha com o intuito de coletar informações táticas e de inteligência que pudessem auxiliar os Aliados na liberação de Paris do poder alemão.

Na verdade, o detalhes da participação na II Guerra Mundial de Ernest são obscuros.

Em 1941, antes do EUA adentrarem ao conflito, o escritor e sua terceira esposa viajaram para a China.

Ernest Hemingway era um agente da KGB?

Em julho de 2009, o The Guardian noticiava que o livro “Spies: The Rise and Fall of the KGB in America” listava o nome de Hemingway dentre os agentes da KGB em solo americano.

O livro é baseado em anotações que um oficial da agência fizera quando teve acesso a arquivos de inteligência soviética em Moscou.

Segundo as informações, ele teria sido recrutado em 1941, antes de sua viagem à China, e se encontrado com agentes da KGB em Londres e Havana.

Todavia, os mesmos registros alegam que ele nunca fornecera informações políticas úteis e nem foi testado em trabalhos práticos.

Mesmo assim, sua real intenção não é certa.

Conta-se que em março de 1942, enquanto “participava” da operação em Havana, Ernest viajou ao México, onde teria encontros secretos com Gustav Regler, amigo dos tempos de Guerra Civil espanhola, e comunista desiludido.

Ernest Hemingway ao lado de Gustav Regler
Ernest Hemingway ao lado de Gustav Regler

O próprio Ernest admitiu ter visitado Regler no México, mas que o amigo já havia abandonado o comunismo por causa do pacto Hitler-Stalin.

Todavia, em suas memórias, Regler declara que o escritor tinha uma paixão pelo argumento comunista, por achar ser a melhor esperança para bater os nazistas.

Os registros da NKVD também sugerem que a agência tinha planos para ele, que incluía-o como principal agente influenciador cultural, responsável pela escrita de artigos para eles.

Além disso, sua posição social podia estender a influência comunista aos meios políticos e intelectuais da sociedade norte-americana.

Sabe-se que Hemingway se encontrou com a NKVD em cinco ocasiões entre 1943 e 1945, e a agência o define como um espião soviético.

Entretanto, considerando a época, é difícil reconhecer que Hemingway fosse um espião da NKVD, por causa de seu longo repúdio aos fascistas e em 1941, quando supostamente foi recrutado pela agência, o acordo entre Hitler e Stalin ainda estava em voga.

Apesar do autor assumir que admirava alguns comunistas e a forma como eles defendiam seus ideais, mas não se declarava adepto da ideologia.

Contra esta tese temos uma carta escrita de próprio punho por Heminway, datada de 13 de fevereiro de 1947, onde ele parece defender para si mesmo a União Soviética e seu trabalho na Espanha, numa análise lógica e um pouco apaixonada.

Correspondente de Guerra na França.

Em 1944, Hemingway decidiu se mudar para a França com o objetivo de se tornar um correspondente de guerra.

Neste período, se envolveu com um grupo de comunistas do FTPF (Francs-Tireurs et Partisans Français), “Fuzileiros e Apoiadores Franceses”, onde o escritor exerceria uma influência quase patriarcal.

Hemingway (ao centro) e o coronel David K. E. Bruce (à esquerda) com membros do French Underground, fora de Paris.
Hemingway (ao centro) e o coronel David K. E. Bruce (à esquerda) com membros do French Underground, fora de Paris.

O passo seguinte foi estabelecer um pequeno quartel general de inteligência que, ao longo de quase uma semana, liderou ao lado de outros dois nomes, operações paramilitares em Paris, com o objetivo de coletar informações que eram repassadas aos americanos.

Mesmo sendo dedicado e disponível para o serviço de espionagem, seus esforços só ofereceram ganho para suas obras literárias.

Sua marca maior no “serviço de inteligência” americana se encontra da libertação de Paris durante a II Guerra Mundial.

REFERÊNCIAS

  1. Nicholas Reynolds. “Ernest Hemingway, Wartime Spy: A Spy Who Made His Own Way” – Junho de 2012;
  2. Ernest Volkman. “A História da Espionagem”. Editora Escala, 2013.

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