Deep Purple – Resenha de “Live in Stockholm 1970” (2018)

 

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Deep Purple: “Stockholm 1970” (2018, Shinigiami Records) NOTA:10

Em junho de 1970 o Deep Purple havia lançado aquele que seria seu primeiro grande clássico, “In Rock”, uma das pedras (perdão do trocadilho) fundamentais do heavy rock, junto com “Paranoid”, do Black Sabbath e o segundo disco do Led Zeppelin.

Mas perdoem a sinceridade, salvo por “Child In Time” (referenciada no encarte como a história de um perdedor que poderia ser você), “In Rock” era o mais visceral dos três.

Catártico, primitivo, lascivo e flamejante, mostrava uma banda que rompia com o que tinha apresentado até então. com um fascínio pelo profano, pela energia feroz e vulgar, sem dirimir a técnica e o preciosismo.

Estavam longe da lapidação que veríamos à frente.

Em meio a essa cena que fervia em peso, criatividade e ousadia, o Deep Purple aportou em Estocolmo, capital da Suécia, em doze de novembro de 1970, para divulgar “In Rock”.

Pense que estamos numa época em que estilos eram criados e lapidados no palco, e o rock estava em pleno estado de infusão (no sentido hermético de evolução). O Deep Purple era um dos artesãos que moldava o estilo para suas formas mais pesadas e agressivas.

E exatamente isso que vemos registrado neste “Live in Stockholm 1970”, recentemente lançado no Brasil, via Shinigami Records, num luxuoso digipack de padrão internacional, duplo e com um DVD bônus que inclui o raro VHS “Doing Their Thing – Live at Granada TV 1970”.

Este DVD é um bônus de luxo! Imagem e som restaurados, e um Deep Purple tão selvagem quanto jovem. A performance de “Speed King” é  puro heavy metal, quando o estilo ainda estava na forja. Além disso, vale conferir Ian Paice e seu visual que está parecendo o de um integrante do Ramones.

“Live in Stockholm 1970” traz em dois CDs o registro do show realizado na capital sueca, onde o Deep Purple abre a caixa de Pandora do heavy metal, liberando demônios musicais de forma tão voluptuosa quanto ingênua.

O Deep Purple se mostra voraz e selvagem no palco, ainda longe do toque especial da maturidade que viria principalmente em “Machine Head” “Burn”, e na segunda encarnação da banda à partir de “Perfect Strangers”. 

Longas sessões instrumentais, solos atléticos, e alta intensidade se dividem em “Speed King” (abertura violenta), “Into the Fire”, e “Child In Time” (desdobrada em quase vinte minutos de puro prog/jazz), composições retiradas de “In Rock”, cujo espírito transgressivo e tecnicamente livre ajudou a reler faixas como “Mandrake Root” (longa e experimental), “Hard Road (Wring That Neck)” (em longos trinta minutos de solos de cada músico e experimentação no palco) e o cover de “Paint it, Black” (instrumental e com show particular de Ian Paice), dos Rolling Stones.

Fechando o repertório do show da Suécia, temos “Black Night”, o single de sucesso (atingiu segundo lugar nas paradas britânicas) lançado em junho de 1970, mas que não estaria em “In Rock”, onde seria incluída somente na edição especial de 25 anos.

Essa faixa mostra como o Deep Purple já caminhava para a lapidação final de sua sonoridade, e havia encontrado um molde para seu heavy rock que seria replicado nos próximos discos.

Mas aqui, ela ainda está encarnada de solos primais e performance cativante, sem truques de estúdio como nos dias de hoje, mesmo que o audio tenha sido restaurado e digitalmente remasterizado em 2014.

Fechando o segundo CD temos uma entrevista com Jon Lord de 1971, e duas faixas ao vivo registradas em Paris, também em 1970, repetindo  “Mandrake Root” “Hard Road (Wring That Neck)”.

“Live in Stockholm 1970” é crú, vívido e vertiginoso!

Mais um capítulo obrigatório da história do rock escrita nos palcos!

TRACK LIST

CD1
1. Speed King
2. Into The Fire
3. Child In Time
4. Wring That Neck
5. Paint It, Black

CD2
1. Mandrake Root
2. Black Night
Bonus
3. Wring That Neck (Live in Paris 1970)
4. Mandrake Root (Live in Paris 1970)
5. 1971 Jon Lord Interview

DVD
1. Speed King
2. Child In Time
3. Wring That Neck

4. Mandrake Root

FORMAÇÃO

Ian Gillan (Vocal/Harmônica)

Ritchie Blackmore (Guitarra)

Roger Glover (Baixo)

Jon Lord (Teclados)

Ian Paice (Bateria)

https://youtu.be/Gwzq52iNaaM

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