Burn the Priest – Resenha de “Legion: XX” (2018)

 

Burn the Priest Legion XX
Burn the Priest: “Legion XX” (2018, Shinigami Records) NOTA:8,0

O Lamb of God pavimentou um caminho tão confiável que dificilmente duvidaríamos da qualidade de um próximo  álbum, mesmo após todos os problemas que a banda enfrentou com a prisão do vocalista Randy Blythe.

Sua características estão bem definidas em discos como “Ashes of the Wake” (2004) e “VII: Sturm und Drang” (2015): linhas vocais brutalmente inspiradas, que combinam perfeitamente com o impacto resultante das dobras de baixo com alguns riffs de guitarra, e o sustentáculo monstruoso do baterista Chris Adler.

Essas são características que se mantêm desde a formação da banda, em 1999, nos Estados Unidos. Isso fez do Lamb of God uma das melhores bandas da sua geração.

Todavia, antes disso tivemos o Burn The Priest, banda formada em 1994 por Mark Morton (guitarra), John Campbell (baixo) e Chris Adler (bateria). Após um certo tempo, o vocalista Randy Blythe e o irmão de Chris Adler, o guitarrista Willie Adler, se juntaram ao time.

Para entender a troca de nome é interessante contextualizar que o Burn the Priest viveu seus quatro anos iniciais na época em que o black metal era um dos estilos mais populares dentro do heavy metal, não só pela músicas, mas também pelos incêndios em igrejas e as acusações de assassinato, um tema sobre o qual você pode saber mais neste texto.

Mas antes de virar Lamb of God, para não ser confundido com uma banda satânica, o Burn the Priest lançou um disco auto-intitulado, em abril de 1999, que se destacava pela diversidade de influências e intensidade punk num crossover pesado, de guitarras impactantes, groovadas, e com Randy ainda mais agressivo do que veríamos no Lamb of God.

Este disco virou cult entre os fãs da banda e alguns até pediam que o Lamb of God tocasse algumas daquelas composições nos shows, afinal o Burn the Priest era alto, pesado, e sem firulas. Com canções curtas e produção crua!

Pensando nisso, o Lamb of God não deixou o aniversário de vinte anos de “Burn the Priest”, o álbum, passar batido, retomando temporariamente o antigo nome e lançando “Legion: XX” (2018), uma coleção de covers de bandas como Cro-Mags, Agnostic Front, Bad Brains, Ministry, Melvins, e S.O.D., dentre outras.

Uma pequena amostra do que influenciava o quinteto naquela época, “Legion: XX” (2018), também é uma festa! Sim uma festa crossover que empolga pela adrenalina, pela vibe frenética, barulhenta e agressiva. 

 “Legion: XX” (2018), além disso, tem a força advinda de um repertório muito bem selecionado e diversificado, com uma dinâmica envolvente, partindo do metal punk de “Inherit The Earth”, com palhetadas rápidas e bateria insana, passando pela vibração alternativa de “Honey Bucket”, até a insanidade industrial de ” Jesus Built My Hotrod”.

A produção é orgânica, contextualizando as releituras à época do Burn the Priest, ao mesmo tempo que deu um tempero moderno à estas faixas, com guitarras trampadas e bateria seca.

Além disso, é interessante ver a banda tocando algo mais experimental como “Kerosene”, dos precursores do industrial/noise Big Black, ou algo como “Axis Rot”, do Sliang Laos, banda que pode ser vista como um avô perdido do System of a Down. E até mesmo em “Dine Alone”, do Quicksand, um dos grandes nomes do que convencionou a se chamar de post-Hardcore.

Mesmo assim, os melhores momentos estão nos nomes mais consagrados do crossover/hardcore. Ou seja, em “Kill Yourself”, do S.O.D., “One Voice”, do Agnostic Front, “We Gott Know”, do Cro-Mags, e “I Against I” , do Bad Brains.

Aliás, a performance na composição do Bad Brains me fez pensar como falamos pouco desta banda e de sua importância no âmbito da influência em grandes bandas do heavy metal. 

Em suma, “Legion: XX” (2018) vale a pena não só pela festa, mas também por ser satisfação garantida.

TRACKLIST

1. Inherit The Earth (THE ACCÜSED cover)
2. Honey Bucket (MELVINS cover)
3. Kerosene (BIG BLACK cover)
4. Kill Yourself (S.O.D. cover)
5. I Against I (BAD BRAINS cover)
6. Axis Rot (SLIANG LAOS cover)
7. Jesus Built My Hotrod (MINISTRY cover)
8. One Voice (AGNOSTIC FRONT cover)
9. Dine Alone (QUICKSAND cover)
10. We Gotta Know (CRO-MAGS cover)

FORMAÇÃO

Randy Blythe »» Vocal
Mark Morton »» Guitarra
Willie Adler »» Guitarra
John Campbell »» Baixo
Chris Adler »» Bateria

 

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