Blues Pills – Resenha de “Lady In Gold – Live In Paris” (2017)

 

Blues Pills Lady In Gold - Live In Paris
Blues Pills: “Lady In Gold – Live In Paris” (2017, Shinigami Records, Nuclear Blast) NOTA:9,0

Ao contrário do primeiro álbum dos suecos do Blues Pills, o auto-intitulado de 2014, que causou um verdadeiro alvoroço na cena roqueira (apresentando um blues rock poderoso, que flertava com o Hard Rock setentista e com o rock psicodélico sessentista, e guiado pelos vocais voluptuosos e impressionantes de Elin Larsson) seu primeiro álbum ao vivo que veio após o debut se mostrou precipitado.

Em suma, naquele primeiro registro ao vivo não conseguiram extrair toda a energia e exuberância do estúdio no registro de palco, que inclusive baixava os tons de algumas composições.

Em estúdio, “Lady In Gold”, segundo disco, chegou dois anos depois, onde lapidaram sua psicodelia, fazendo-a parte das músicas e não somente como artifício climático vintage. Encorparam também as guitarras, extrapolando os padrões do blues rock e ampliaram influências de Soul e Gospel, que eram deixadas apenas como plano de fundo no álbum anterior.

E por falar em vocais, naquele segundo disco de estúdio era notória a maior liberdade e ousadia nos vocais de Elin Larsson, resultando numa performance desenvolta e acima da apresentada naquele “Blues Pills Live” (2015), e até mesmo no excelente DVD bônus de seu segundo álbum, “Lady In Gold”.

É interessante notar que em suas versões ao vivo, as canções em tons diferentes dão mais conforto à  voz de Elin, além de dar aos arranjos inteligentes e climalíticos um sentimento épico, mesmo que percam um pouco da urgência e lassidão do que foi apresentado nos álbuns de estúdio.

E neste “Lady In Gold – Live In Paris”, recém-lançado registro ao vivo em DVD e CD duplo, as coisas mostram uma evolução ainda maior na banda como um todo, mas especialmente na postura de palco e na interpretação de Elin, que impressiona não só pela beleza nórdica desconcertante, mas também pela atitude explosiva e exuberante em cena.

Ela traz muita energia para o contexto musical e visual da banda, com performance marcante e emocional, principalmente durante as jams instrumentais onde sua dança soa quase ritualística, embalada pela psicodelia inerente à sonoridade do Blues Pills. Confira “Little Boy Preacher” ou “Elements and Things” e tente não ficar hipnotizado com sua performance. 

No show o quarteto ganha o bem vindo reforço climático do hammond de Rickard Nygren (confira “Elements and Things”), que pincelou detalhes precisos e imprescindíveis sem buscar protagonismo, além de ser um ótimo segundo guitarrista para as músicas que não pedem as texturas do hammond.

Blues Pills Lady In Gold - Live In Paris
 “Lady In Gold – Live In Paris” mostram uma evolução da banda como um todo, mas especialmente de Elin, que impressiona não só pela beleza nórdica desconcertante, mas também pela voz poderosa e a presença de palco explosiva e exuberante. 

Esta alteração deu mais punch à música do Blues Pills, alterando algumas tonalidades, dando também mais corpo e liberdade às guitarras de Dorian Sorriaux, que consegue se sair ao vivo ainda melhor que em estúdio, sendo efetivamente o destaque individual do instrumental que é sustentado por um baixo implacável e uma bateria orgânica.

Sorriaux claramente estudou em minúcias as lições do blues rock sessentista, sendo que sua imagem no canto do palco parece um espectro, ou dejà vú de Robby Kriegger, do The Doors.

Além disso, fica evidente pela diferença entre as faixas mais explosivas do primeiro álbum, como “High Class Woman”, “Black Smoke” (onde Elin explora um pouco mais sua potência vocal), “Ain’t No Change”, “Devil Man”, e as mais cerebrais do segundo trabalho, como “Lady In Gold”, “Little Boy Preacher” (que ficou ainda melhor ao vivo), “I Felt a Chance” (o momento mais minimalista e introspectivo do álbum), “You Gotta Try” e “Won’t Go Back”, como a banda consegue impactar por diferentes maneiras com uma performance impecável, numa troca de energia intensa e vibrante com seu público.

E apesar dos inúmeros ingredientes vintages que permeiam suas composições, a banda parece não querer soar como se pertencesse àquela época, mesmo no palco, nos oferecendo uma reformulação da receita original, embalada numa produção impecável!

Como sempre acontece, mas não posso deixar de registrar, o som do DVD está muito acima do impresso no CD, permitindo o detalhamento de cada instrumento. Além disso, a produção do DVD caprichou nas múltiplas câmeras e dinâmica precisa de cortes e escolha de imagens.

O DVD ainda revela que “Lady In Gold – Live In Paris” é o registro de um show de rock em sua pura essência! Nada de pirotecnia, efeitos visuais rebuscados, dançarinos e todos os artifícios usados para desviar dos aspectos musicais. São cinco músicos dando sua energia e talento puro em prol do rock, sob as luzes da ribalta.

Se “Lady In Gold” mostrou uma busca por personalidade e identidade dentro da cena, este “Lady In Gold – Live In Paris” superou  as primeiras gravações ao vivo da banda, deixando claro um desenvolvimento como músicos e muito mais química e entrosamento para tentarem ampliar ainda mais sua sonoridade, demonstrando um considerável amadurecimento musical.

Confira a performance de “Little Boy Preacher”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=GuYJH74sSkI&w=560&h=315]

Confira a performance de “Bliss”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=ZQOfbg3veGg&w=560&h=315]

Confira “Lady In Gold”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=7Ly4_h2QX_E&w=560&h=315]

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