Blind Guardian – Resenha de “Live Beyond the Spheres” (2017)

 
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Blind Guardian: “Live Beyond the Spheres” (2017, Nuclear Blast, Shinigami Records) NOTA: 9,5

Sem dúvidas, o Blind Guardian foi uma das bandas mais interessantes no mundo do Heavy Metal nos anos noventa. Surgida na Alemanha na década anterior, foi à partir de “Tales from the Twilight World” (1990), seu terceiro álbum, que eles moldaram seu padrão musical, embasado no Power Metal, mas agregando elementos de folk e orquestrações, com clima épico  e fantasioso, além de inspirações literárias (de J. R. R. Tolkien, Stephen King, Michael Moorcock, Frank Herbert, e Peter Straub), cinematográficas, mitológicas, e históricas.

Após mais de três de décadas, construíram uma discografia altamente nivelada, muito bem representada neste álbum ao vivo triplo, intitulado “Live Beyond the Spheres”, gravado durante a turnê européia de 2015, relativa à divulgação do álbum “Beyond the Red Mirror” (2015).

Passeando por clássicos, obscuridades da discografia e composições mais recentes, ao longo de vinte e duas composições, em quase 160 minutos, podemos perceber como os materiais antigos superaram a ação do tempo, se entremeando e dialogando com as composições mais modernas de modo homogêneo.

Ou seja, o repertório não se concentra, em sua maioria, nas composições de “Beyond the Red Mirror” (que empresta a abertura “The Ninth Wave”, além das ótimas “Twilight of the Gods” e “Prophecies”), mas ainda traz uma boa parcela de composições da última década e meia, como “Fly”, “Sacred Worlds”, “Tanelorn (Into the Void)” “Wheel of Time”.

Aliado a isto, temos interpretações vibrantes de composições de diversas eras da banda, desde o crú e tradicional “Battalions of Fear” (1988), de onde pinçaram o clássico “Majesty”, numa versão melhor que a do marcante “Tokyo Tales” [1993], passando pelas indipensáveis  “Banish from Sanctuary”, “Valhalla”, “Imaginations From The Other Side”, “Nightfall”, e “Mirror Mirror”, dando um panorama interessante da obra do Blind Guardian.

A produção vem cristalina, mantendo a alta qualidade sonora dos materiais ao vivo da banda, capturando a energia gerada pela ação dos músicos junto a reação do público (aqui, principalmente em “Valhalla” “Mirror Mirror”), com destaque à performance vocal de Hansi Kürsch, que ainda impressiona pela força e pela dramaticidade, mesmo que ele esteja diminuindo o abuso dos tons altos nas faixas mais antigas.

Já o trabalho de guitarras inflama as interpretações, seja pela segurança técnica de Marcus Siepen ou pela limpidez melódica das linhas de André Olbrich. A dupla consegue construir a força e o sentimento inerente ao Power Metal forjado pela banda ao longo de sua história, bem sustentado pela dinâmica cozinha formada por Frederik Ehmke (bateria) e Barend Courbois(baixo).

Além disso, os trabalhos de Charlie Bauerfeind (mixagem e engenharia de som) e Darcy Proper (masterização) conseguiram retirar a oscilação de vibração muito comum em álbuns ao vivo registrados em diferentes shows, como é o caso.

Neste sentido deram coesão à gravação de de Sascha Helmstädt e Peter Brand que, por sua vez, conseguiram capturar a organicidade do show que consegue trazer de modo natural para o palco a dramaticidade e alta complexidade musical do Blind Guardian, seja nas faixas mais rápidas e energéticas (como em “Banish from Sanctuary”), quanto nas mais progressivas e intrincadas (como em “And Then There Was Silence”, solitária representante do fraco “A Night at the Opera” (2002)), sem perder o impacto causado nas versões de estúdio.

Uma única ressalva a quase terem ignorado as composições de “Somewhere Far Beyond” (1992), de onde só buscaram “The Bard’s Song – In the Forest”. Talvez por seus grandes momentos já possuírem registros definitivos em versão ao vivo no álbum “Tokyo Tales”, afinal são realmente poucas as composições que se repetem nestes dois materiais ao vivo.

Porém, minha ressalva continua, pois “Somewhere Far Beyond” (1992), junto a “Imaginations From The Other Side” (1995),  e “Nightfall In Middle-Earth” (1998), são onde o Blind Guardian atingiu o ápice de maturidade em sua fórmula de entrelaçar melodia e pompa clássica com peso, galgando o posto de principal nome do Heavy Metal alemão, naqueles dias.

Claro que numa discografia tão rica algo importante sempre fica de fora de um set list, e qualquer crítica ao repertório de “Live Beyond the Spheres”, que ainda traz momentos marcantes em “Lord of the Rings”, e “Lost in the Twilight Hall” (ambas retiradas do emblemático “Tales from the Twilight World” [1990], de onde tiram também “The Last Candle”), tangencia a irrelevânia das preferências pessoais.

Aplausos para a versão nacional, à cargo da Shinigami Records, que trouxe o material embalado num belíssimo digipack, com encarte recheado de fotos dos shows e uma arte gráfica de cair o queixo.

Somado a “Tokyo Tales” acredito que com “Live Beyond the Spheres” temos uma belíssima coleção da obra do Blind Guardian, que serve de iniciação àqueles ainda não são versados nela.

Por fim, uma confissão pessoal. Sempre que eu via o clássico triplo ao vivo do Iced Earth (“Alive In Athens” [1999]) na minha prateleira, outra banda que ajudou a definir o Power Metal na década de noventa junto ao Blind Guardian, me pegava desejoso que os bardos alemães também tivessem lançado um triplo ao vivo após “Nightfall In Middle-Earth” (1998). Demorou duas décadas, mas, enfim, aqui está ele!

Confira a faixa “Twilight of the Gods”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=C4TorvOfBWE&w=560&h=315]

Confira a faixa “The Ninth Wave”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=Fn3-uhU6AyY&w=560&h=315]

Confira a faixa “Mirror Mirror”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=SVg8eP7KPNQ&w=560&h=315]

Confira a faixa “Prophecies”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=QA7Y6ei6gB0&w=560&h=315]

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