Neil Gaiman e Terry Pratchett: Humor Divino em “Belas Maldições”

 

Neil Gaiman e Terry Pratchett: “Belas Maldições” (1990/2007 – 5ª edição, Bertrand Brasil)

Imagine que o mundo vai acabar!

O anunciado apocalipse bíblico enfim chegou.

Num sábado!

Isso mesmo, a dupla Neil Gaiman e Terry Pratchett criou uma sátira para o fim do mundo pelas mãos do Anticristo em “Belas Maldições”, livro lançado em 1990.

Na trama temos o demônio Crowley (interessante referência a Aleister Crowley, o maior ocultista do século XX) e seu velho amigo, o anjo Aziraphale (ambos como projeções bíblicas de Gaiman e Pratchett, respectivamente), tentando impedir o desenrolar do apocalipse.

Simplesmente porque eles gostam da Terra como ela está, e principalmente de morar aqui!

Aziraphale com sua livraria de raridades em Londres e Crowley com seu carro vintage preto, cujo sistema de som só toca Queen, independente qual seja a fita K7 colocada nele.

Para atingir seu objetivo, eles precisam encontrar e matar o Anticristo, o mais poderoso ser do planeta.

Mas ele é um garoto de 11 anos, líder de um grupo que causa bagunças em seu bairro, que ama seu cachorro, e se preocupa com o meio ambiente. Uma ironia refinada numa alegoria brilhante!

Grosso modo, esse é o mote principal da trama de “Belas Maldições”, prenunciada pelo livro “As Belas e Precisas Profecias de Agnes Nutter, Bruxa”, que encontra-se nas mãos de Anathema Device, descendente da própria Agnes.

Anticristo, apocalipse, bruxas, caçadores de bruxas, conspirações, cavaleiros do apocalipse (de moto), ocultismo, satanismo, crianças procurando emoções, anjos e demônios, são misturados pelas vias da fantasia, brincando com clichês e caricaturas, mas sem perder a classe de ambos os autores.

Belas Maldições de Neil Gaiman e Terry Pratchett
Neil Gaiman e Terry Pratchett: “Belas Maldições” (1990/2017 – 14ª edição, Bretrand Brasil)

Um pouco além desse humor do primeiro plano temos críticas quase filosóficas e/ou teológicas sobre a natureza da dualidade bem/mal, livre arbítrio, e religião.

Desta forma, “Belas Maldições” soa com uma sátira à moda Douglas Adams (escritor do clássico “Guia do Mochileiro das Galáxias” e suas continuações), onde Neil Gaiman e Terry Pratchett se juntam para destilar o mais puro humor britânico na fantasia, que dá alfinetadas constantes nos hábitos e crenças da sociedade ocidental, sendo um divertido convite à reflexão.

Neil Gaiman já havia escrito um texto sobre Douglas Adams antes de mergulhar em “Belas Maldições”, e Pratchett já era conhecido por satirizar os clássicos de Tolkien e Lovecraft quando se juntou a Gaiman.

E esse humor rende momentos impagáveis, como ali pela metade do livro quando vemos uma “abordagem policial” feita por um disco voador, cobrando da humanidade um respeito às leis ambientais.

Ou seja, com todos esses ingredientes, eles criam em “Belas Maldições” um “teatro do absurdo”, onde o surrealismo anda de mãos dadas com o humor e a sátira.

É divertido? Sim, “Belas Maldições” é um livro fluido, dinâmico, e engraçado.

Mas ainda assim, é um livro do final do século XX, que carrega muito daquele humor da virada dos anos oitenta para os noventa, muito usado em filmes e séries de TV da época.

Por isso, para alguns pode soar datado.

Para outros, é um clássico! Nós ficamos nesse segundo grupo.

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