Vladvostock – “Destudo” (EP, 2016) | Resenha

 

“Destudo” é segundo EP da banda paulista Vladvostock, gravado entre Junho e Agosto de 2016 e gravado e mixado por Ablan Namur, na sua casa, exceto a bateria, gravada na casa de Rubens Adati.

Vladvostock - Destudo (2016, Banana Records, Cosmoplano Records) Resenha Review

No apagar das luzes de 2016 o trio paulistano Vladvostock disponibilizou seu segundo EP, “Destudo”, com quatro faixas, e lançado pelos selos Banana Records e Cosmoplano Records, numa promissora exploração do Indie Rock.

Apesar de seguirem a mesma timbragem e espírito, as faixas são bem diferentes entre si, fato que pode refletir, pela descontinuidade das abordagens, dois lados opostos:

1) uma incerteza no direcionamento da sonoridade, impressão que poder ser corroborada pela auto-rotulação de Morph Rock, ou seja, um ser musical que deliberadamente alternasse suas formas, soando como um perigoso eufemismo para uma banda que sabe estar meio perdida na busca pela sua música, afinal as mutações ocorrem de uma composição para outra e não dentro de cada uma delas; ou,

2) por outro lado, simplesmente é produto de uma banda que caminha rumo a uma exploração musical inconstante, imprevisível e altamente técnica, ainda transitando com vestimentas imaturas do garage rock e soando descontínua pela pouca quantidade de faixas, fato que pode ser minimizado num álbum completo.

Isso posto, vamos às faixas!

Com guitarras limpas, timbradas de modo que nos remetem aos bons tempos do Strokes, e um groove amaciado, a faixa “Ânsia” transita de mãos dadas com a modernidade e o passado, enquanto “Céu” já é mais inquieta, com andamentos mais progressivos, por sua vez sustentados por linhas de baixo pulsantes e bateria bem marcada.

Apesar da performance soar mais crua, com espirito “garageiro”, a produção conseguiu valorizar cada instrumento, e a banda claramente se esforça em criar andamentos e passagens diferenciadas, carecendo um pouco de calor e malícia dentro exploração musical técnica.

Falta aquele toque de paixão na evolução das passagens, que soam pouco espontâneas.

Neste tipo de abordagem, a música tem que guiar o músico, que dará o que a composição pede, num casamento que elevará a temperatura pela entropia musical, sem impor sua vontade técnica dentro dos andamentos.

A habilidade do músico não pode sobrepor o sentimento da obra final.

A faixa instrumental “Piranha” evidencia um pouco mais este fato, pois tinha espaço para se inflamar, mas só pega fogo por alguns segundos de ousadia febril, que confesso, soou “friamente calculada”.

Mas eis que chega “Ela”, faixa que traz um pouco mais de pujança, alta temperatura e sentimento, com guitarras inflamadas, arranjos que remetem aos anos iniciais do The Strokes e passagens que remetem ao lo-fi do Guided By Voices.

Facilmente, esta é a melhor faixa do EP, e que vai de encontro a todos os requisitos que enumeramos no final do parágrafo anterior.

Espero que sigam o caminho desta composição paras as próximas investidas.

Falta calor para desestabilizar a técnica?

Sim!

Mas este EP ainda se mostra extremamente promissor e tendo a acreditar que a banda ganharia mais consistência e unicidade em um álbum completo.

Confesso que ficarei no aguardo deste próximo trabalho…

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