Testament – “Demonic” (1997, 2018) | Você Devia Ouvir Isto

 

Dia Indicado para ouvir: Sexta-Feira.

Hora do dia indicada para ouvir:  Cinco da Tarde.

Definição em um poucas palavras: Pesado, Guitarra, Som de Macho.

Estilo do Artista: Thrash/Death Metal.

testament demonic
Testament: “Demonic” (1997,Spitfire)

Comentário Geral: Em geral, bandas que praticam um metal mais extremo são crucificadas quando aliviam um pouco o seu som. No caso do Testament foi exatamente o contrário.

Quando “Demonic” ganhou vida reafirmando todos os traços obscuros e sombrios que ficavam em segundo plano na obra do Testament, muitos torceram o nariz para o peso, timbragens e intensidade típicas do death metal que explodia em cada composição.

Nascida como Legacy (quando a banda teve Steve “Zetro” Souza – futuramente famoso com o Exodus nos vocais), o Testament se destacou no thrash metal desde seu primeiro álbum, intitulado “The Legacy”, lançado em 1987, principalmente pela forte personalidade impressa por brutalidade e técnica.

O ápice desta primeira fase do Testament  seria o disco “The New Order” (1988), lançado na sequência, com musicalidade apurada pela técnica, baseada nos riffs pesados e passagens melódicas habilidosamente amarrados aos vocais fabulosos de Chuck Billy, reafirmando ainda mais agressividade no processo.

A discografia seguiria por “Practice What You Preach” (1989), “Souls of Black” (1990), “The Ritual” (1992) e “Low” (1994), até chegar a este controverso “Demonic” (1997).

Porém, neste disco a época era outra. Já não tínhamos mais a formação original da banda e a saída mais sentida foi a do guitarrista Alex Skolnick, o grande virtuoso da formação e responsável por riffs e solos iluminados.

Nesse período em que esteve fora do Testament (sua saída ocorreu após a turnê de promoção de “The Ritual” (1992)) Skolnick inclusive se dedicava ao imperdível projeto Alex Skolnick Trio, onde ele desenvolveu todo o seu espectro técnico jazzístico!

Em paralelo, enquanto o Testament desenvolvia sua discografia após “The New Order”, as bandas de death metal consolidavam o gênero com álbuns marcantes (como vimos nesta lista). Os ouvidos mais atentos, no entanto, já percebiam influências do gênero nos vocais de Chuck Billy enquanto a discografia era construída.

Em  “Practice What You Preach” (1989), por exemplo, mesmo desenvolvendo um trabalho mais melódico nas linhas vocais, já emergiam alguns urros guturais.

Testament Demonic Reissue
Testament: “Demonic” (Relançamento 2018, Nuclear Blast, Shinigami Records)

Três álbuns de estúdio mais tarde, em  “Low” (1994, o primeiro sem Skolnick e Louie Clemente, dois dos membros da fase clássica) o peso seria administrado em doses maiores, e os vocais guturais ganhariam ainda mais espaço entre os refrãos melódicos criados por Chuck Billy.

“Low” (1994) ainda trouxe o mestre James Murphy para as seis cordas, nome vinculado a álbuns clássicos de bandas como Death, Obituary e Disincarnate. Ou seja, se “Low” (1994) é o ponto de mudança da sonoridade do Testament, certamente existe contribuição de Murphy, à começar pelos riffs pesados e cortantes.

Fatalmente, em meados nos anos 1990, o Testament era uma banda rompendo com as formas oitentistas do thrash metal e tateando em busca de uma forma mais moderna, mas sem perder o peso de seu thrash metal, enquanto muitos de seus congêneres como Metallica, Megadeth, e Anthrax suavizavam sua sonoridade.

Com a entrada do baterista Gene Hoglan (ex-Death, Dark Angel) o death metal ditou as regras das novas composições que preencheriam “Demonic”, álbum lançado em 1997, o mais sombrio e brutal disco da banda.

Porém, pelo traçado que fizemos na discografia do Testament, vemos que “Demonic” é um fruto natural de uma evolução musical. Não uma mudança gratuita, ou uma aposta dentro da sua musicalidade!

Obviamente, esse caminho não aliviou o susto dos vocais plenamente guturais de Chuck Billy. Claro que ele já havia preparado os fãs na canção “Dog Faced Gods”, do disco “Low” (1994), mas as guitarras agora também se tornaram mais diretas, mesmo que vejamos um pouco de melodia em “New Eyes Of Old” e “Ten Thousand Thrones”.

Testament Demonic
Se “Demonic”  fosse lançado por qualquer banda que não fosse o Testament, ele seria louvado hoje em dia como um clássico do death/thrash metal.

As músicas, no geral, transpiram peso bruto, como em “Demonic Refusal”, “Togheter as One” (onde o vocalista mistura vocais guturais com os clássicos vocais limpos), “Jon Doe” (que talvez seja a canção que mais se aproxima do estilo tradicional da banda) e a brutal “Murky Waters”.

Apesar da mudança de sonoridade, creio ser este um ótimo álbum. Injustiçado e incompreendido à época do lançamento, mesmo que a produção esteja brilhante e as composições intensas.

Costumo dizer que se o Testament houvesse mudado de nome para lançar este disco, ou se “Demonic”  fosse lançado por qualquer banda que não fosse o Testament, ele seria louvado hoje em dia como um clássico do death/thrash metal noventista.

Até por isso, com mais de vinte anos de seu lançamento, “Demonic” passou no teste do tempo, e ganha um relançamento imperdível, com nova arte gráfica, e alto potencial para ser melhor compreendido entre os fãs.

O principal, é que sem “Demonic”, não haveria o processo de amadurecimento e segurança dentro dos horizontes musicais do Testament que deram fruto ao grande disco de thrash metal dos anos 1990, “The Gathering” (1999). Esse é um disco onde equilibrariam muito bem o sonoridade clássica da banda com pinceladas do death metal de “Demonic”. Mas aí já assunto pra outro texto!

Esqueça o que te disseram sobre “Demonic”, só tenha a certeza de que VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 1997.

Top 3:  “Demonic Refusal“,  “Jon Doe e “Ten Thousand Thrones”.

Formação: Chuck Billy (vocal), Derrick Ramirez (baixo), Gene Hoglan (bateria), Glen Alvalais e Eric Peterson (guitarras).

Disco Pai: Pestilence – “Consuming Impulse” (1989).

Disco Irmão: Pantera – “The Great Southern Trendkill” (1996).

Disco Filho: Dew-Scented – “Inwards” (2002)

Curiosidades: O peso do álbum pode ser creditado à entrada do baterista Gene Hoglan, que foi substituído por Jon Dette na turnê do álbum. Nas palavras de Chuck Billy:

“Quando Gene veio fazer as linhas de bateria trouxe um aspecto todo novo às músicas da banda deixando tudo mais realmente pesado e rápido… O Demonic saiu nesse estilo Death, pois com Gene as músicas eram ainda mais brutais e pesadas”.

Pra quem gosta de: Headbangin’, tortura, air-guitar, mudar de vez em quando, e Heavy Metal que pesa uma tonelada.

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