Sunrunner – Resenha de “Heliodromus” (2015)

 

“Heliodromus” é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana Sunrunner.

O título do álbum já reflete o destemor e a unicidade desta obra, afinal, Heliodromus é um dos sete níveis do Mitraísmo, uma religião da era helenística, surgida na Índia, difundida pela Pérsia e ao longo do Império Romano, tendo seu ápice entre os séculos III e IV depois de Cristo, quando foi declarada ilegal junto a outras religiões pagãs.

Além disso, o nível Heliodromus era atingido apenas por uma pequena parcela dos adeptos do culto a Mitra, uma divindade indo-iraniana.

Mesmo dentre os artistas que se baseiam em religiões pagãs, mitologias e lendas para confeccionar sua arte, convenhamos que esta referência temática explorada nas letras já mostra mais profundidade de discurso e, por que não, liberdade das amarras do lugar comum.

Sunrunner - Heliodromus (2015, Minotauro Records)

Tal inferência se confirma quando tomamos contato com o Heavy Rock cheio de referências progressivas e modernas que emanam das canções que compõem este terceiro álbum da banda norte americana Sunrunner, formada por David Joy (vocal/baixo), Joe Martignetti (guitarra) e Ted MacInnes (bateria), tornando praticamente impossível encaixá-los num rótulo mais específico, principalmente pela fusão das escolas americana e inglesa de se praticar o revival do Heavy Rock.

A faixa-título, um épico de vinte e um minutos que fecha o álbum, numa caleidoscópica viagem musical com escalas por nomes como Yes, Black Sabbath, Iron Maiden, Pink Floyd, mistura tradicionalismos progressivos e metálicos, cheios de penduricalhos musicais de Jazz e World Music, mas sem o cheiro de mofo, retirado pela abordagem moderna que remete a bandas ousadas como Scorpion Child e Graveyard.

Todavia, não as tenha como parâmetro além da simples oxigenação das referências clássicas do Heavy Rock com ousadia progressiva.

Ou seja, o Sunrunner é uma banda de Rock, que mesmo com guitarras virtuosas aqui, referências melódicas e progressivas acolá, arranjos de flautas, violino, guitarra braguesa e percussão, transparece, muito pela sua produção, uma pegada mais crua e incisiva (“Technology’s Luster” tem tanta atitude que até soa punk) que transmite emoções diversas e latentas dentro de caráter musical multifacetado.

Ou seja, é requintado, mas sincero e honesto, nada pomposo ou pretensioso.

Com extrema habilidade variam das linhas efusivas às melancólicas (como em “Corax”, faixa que mistura Black Sabbath com World Music e linhas vocais introspectivas), forjadas sobre o fogo da modernidade (como evidencia “The Horizon Speaks”), como se “Heliodromus” fosse um álbum perdido no lugar do espaço-tempo musical onde o passado e o futuro criam um nó estável!

Além das faixas citadas, destaco ainda “Star Messenger” com seus riffs violentos contrastando com a textura onírica e quase pinkfloydiana, num resumo do progressivo moderno, e “The Plummet”, talvez o único momento imaculado de tradicionalismo setentista, construído pelo folk rock em harmoniosos arranjos de cordas e linhas vocais brilhantes.

Um álbum especial, de uma banda com identidade e reverência pelo passado, mas sem medo do futuro!

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