RESENHA | Primator – “Involution” (2015, Independente)

 

O Primator é um dos representantes da nova geração do heavy metal paulistano e apresenta seu primeiro álbum, “Involution”, após seis anos de árduo trabalho na estrada que contribuíram para a evolução técnica e criativa  da banda.

Cientes de pertencerem a um dos principais centro metálicos da América do Sul, reuniram dez faixas entalhadas no mais puro e tradicional Heavy Metal oitentista, com remissões diretas a bandas como Iron Maiden, Judas Priest, Helloween, Black Sabbath, Saxon, Metal Church, Queensryche, Candlemass e afins.

Primator - Involution (2015, Independente) Resenha Review

Mas não pense que se baseiam apenas em mimetismos da era dourada do estilo, pois, apesar de resgatarem a estética e a música do período, conseguem encaixar sua sonoridade dentro do panorama atual e com identidade, o que é mais importante.

Como o próprio vocalista Rodrigo Sinopoli esclarece:

“fazemos uma releitura do que de melhor foi feito antes de nós em termos de música pesada, mais especificamente nos anos 80 e 90, mas de forma a criar um conceito musical diferente, em sintonia com a individualidade de cada componente. Com o passar do tempo, desenvolvemos uma certa versatilidade para implementar alguns elementos mais contemporâneos e deixamos de lado tudo o que, ao nosso ver, estava sobrando, especialmente em termos estéticos”. 

Ou seja, temos um metalzão tipicamente oitentista, com guitarras carregadas de riffs e solos cavalares e vocais que se refestelam nos agudos, além da cozinha sólida e precisa que sustenta as mudanças constantes de arranjos e andamentos balizadas pelos classicismos do estilo.

Destaque imediato à produção impecável de Daniel de Sá, que ajudou a aclimatar a viagem temporal através de uma pegada bem orgânica e longe de soar datada, mas ainda capaz de nos levar aos bons tempos da NWOBHM, do Metal Tradicional, e de quando tudo que ali não cabia era denominado de Speed Metal.

Não obstante, a limpidez da produção nos permite reverenciar a técnica excelente dos músicos, evidentes nas inteligentes linhas de guitarra, bem como enaltecer as letras bem escritas, por sua vez, inspiradas na teoria evolucionista de Darwin e de outros filósofos e pensadores.

Segundo Rodrigo, o álbum pode ser considerado uma “observação da atual condição humana”.

Num álbum como este, com faixas compostas num espaço de cinco anos, há de esperar certa heterogeneidade do conjunto da obra, algo que seria natural, mas que não ocorre aqui e, dentro desta coesão e unidade musical, destacam-se: “Primator”, “Black Tormentor” (impossível não pensar no Iron Maiden), “Flames of Hades”, “Face The Death” (uma das composições mais recentes e finalizada no estúdio), “Praying for Nothing” (uma das mais antigas composições do álbum e dona de um riffão empolgante e obscuros andamentos cadenciados) e “Involution” (um perfeito resumo do álbum, além de um bem vindo groove nas linhas de guitarra e um belíssimo desfecho).

Ponto positivo também para a capa que consegue capturar a mensagem das letras e a densidade sonora do Primator.

Existe apenas um único porém, que não chega a comprometer o trabalho, mas que poder ser ajustado no futuro.

Indiscutivelmente, Rodrigo Sinopoli é um exímio vocalista, numa encruzilhada entre Messiah Marcolin, Bruce Dickinson e Rob Halford!

Todavia, sua performance, que de início soa impressionante, com o tempo começa a se tornar exagerada.

Não que ela se desencaixe da proposta, mas o excesso deixou a referência retrô um pouco caricata em dado momento, lembrando o mal que acomete o tradicionalíssimo David DeFeis e seu Virgin Steele.

No saldo final, “Involution” anuncia, em alto e bom som, o nascimento de mais um representante do Heavy Metal brasileiro que consegue unir conteúdo lírico e fúria instrumental clássica, nos deixando curiosos pelos seus próximos passos.

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