Miss May I – Resenha de “Shadows Inside” (2017)

 
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Miss May I: “Shadows Inside” (2017, Nuclear Blast, Shinigami Records) NOTA:9,5

Confesso que fiquei muito surpreso com este mais recente álbum da banda Miss May I. Com uma década de existência, criaram um padrão discográfico dentro do melodic metalcore que, apesar de crescente em maturidade musical, trazia o mais do mesmo do gênero, em alta qualidade nas melodias e boa rotação nos breakdowns, mantendo tudo impresso por uma produção clínica e precisa, mas ainda não empolgava. Não que “Shadows Inside” fuja deste desenho, mas é impossível negar que buscaram uma foma diferente de contorná-lo, de modo eficiente e envolvente.

Acredito que existam fatores múltiplos para o sucesso deste trabalho, mas não há como fugir de creditar parte da qualidade aqui apresenta ao entrosamento que a mesma formação construiu nestes dez anos. Afinal, Levi Benton (vocal), Ryan Neff (baixo), Justin Aufdemkampe (guitarra base), B.J. Stead (guitarra solo) e Jerod Boyd (bateria), apresentam neste “Shadows Inside”, seu sexto disco de estúdio, tudo o que se espera deles com um pouco mais de esmero e atenção aos detalhes.

Outro ponto importante é que no estúdio trabalharam com dois produtores: Nick Sampson se dedicou ao instrumental, enquanto Drew Fulk cuidou dos vocais de Levi Benton (vocalista versátil e fluido em suas variantes). Este modus operandi reflete um claro desejo de criar algo diferente do que vinham praticando, algo que possa impactar, sair de sua zona de conforto. É fato que as composições estão diversificadas dentro dos limites estílicos estabelecidos.

Confira o clipe da faixa-título… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=_xbXDwP5Rik&w=560&h=315]

Claro que em certos momentos as harmonias soam genéricas em suas explorações dissonantes, os vocais gritados pedem por mais versatilidade (como apresentado nas partes limpas), mas, no geral, o frenesi causado pela entropia musical destas dez faixas é empolgante e preciso, principalmente no trabalho da bateria, o motor de intensidade da banda. O que Jerod Boyd faz neste álbum é incrível!

As guitarras também se destacam de imediato junto as melodias bem criadas pelos vocais de primeiro e segundo planos, e as letras pessoais. O riff inicial da faixa-título, por exemplo, já mostra que energia não faltará à entrópica e melódica abordagem do Miss May I nesse novo passo. Além de faixa-título ela também é a faixa de abertura que impressiona pelo alto potencial, já elevando o nível do álbum de saída.

O apelo melódico é altíssimo dentro da fricção de contrastes musicais agressivos, o que amplifica o poder de cativar dos breakdowns e passagens mais dinâmicas, fato já marcante em “Never Let Me Stay”, uma composição climática e envolvente, com agressividade destilada pela angustia e cadência melancólica que seria sucesso se lançada nos anos 1990 ou na primeira década do novo milênio.

Confira o clipe a faixa “Casualities”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=MVX9iJ7phZI&w=560&h=315]

No decorrer de “Shadows Inside” vemos arranjos manufaturados com criatividade, além de honesta e declarada vontade de se destacar na cena atual, dando espaço certo para ganchos melódicos saborosos e para o peso empolgante.

Mas fica o aviso às mentes mais fechadas que já rechaçam o metalcore: a construção melódica é acessível, quase de apelo radiofônico, sendo que algumas chegam a lembrar algo praticado pelo Linkin Park em seus dois primeiros discos. Para aqueles que se divertem e não torcem o nariz com esse fato, como esse que vos escreve, a satisfação com composições como “My Destruction” (densa e poderosa), “Crawl” (com passagens furioisas), “Swallow”, e “Death Knows My Name” é garantida.

Em suma,  “Shadows Inside” é um álbum diferenciado e diversificado (em texturas, velocidade e peso), que coloca o Miss May I noutro patamar criativo, renovando aquele “morde e assopra” usual do metalcore.

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