Maestrick – Resenha de “Unpuzzle” (2011)

 

Impressionante! Não existe outro adjetivo para a música apresentada neste “Unpuzzle”, álbum da banda brasileira Maestrick.

Uma banda que não se atém aos limites que a música pesada possa oferecer, olhando diretamente para as possibilidades exploratórias que a liberdade musical concede.

Segundo eles próprios, “trazem ao conceito de sua arte influências de grupos como Queen, Metallica, Dream Theater e movimentos artísticos como o surrealismo e obras do artista e diretor cinematográfico, Tim Burton.  Propondo uma “Aquarela Sonora” entre as mais diversas facetas artísticas como música, pintura, cinema, literatura, teatro e dança”.

Maestrick: "Unpuzzle!" (2011, Die Hard Records)
Maestrick – “Unpuzzle!” (2011, Die Hard Records)

E não pense que estas palavras soam pretensiosas ou exageradas, pois “Unpluzzed!” é uma viagem musical guiada pelo bom gosto e pela sensibilidade musical, sem abrir mão do peso do Heavy Metal, bem como da versatilidade.

Oriunda de São José do Rio Preto/SP, a banda Maestrick nasceu ano de 2006, sendo “Unpuzzle!” seu primeiro álbum, que apresenta um ousado conceito baseado no realismo fantástico: “a história de uma exposição de artes que acontece em um museu situado entre várias dimensões, onde os personagens que vivem dentro dos quadros são ajudados por dois seres nascidos das tintas do artista criador das obras”.

Confesso que em alguns momentos a colagem de estilos (tem Power Metal, Prog Rock/Metal, Metal Melódico, Hard Rock, Classic Rock e duas gotas de Metal Extremo), texturas e detalhes soa desconcertante, de tão bem feita, sendo que elementos como orquestrações, corais, linhas progressivas e/ou sinfônicas, andamentos burlescos, jazzísticos e/ou bluesy, além da Música Brasileira possuem seu lugar e hora bem definidos, sendo encaixados com maestria dentro da proposta musical lúdica e artística, sem ser musicalmente verborrágicos, mas sim eloquentes, principalmente por causa alicerce melódico e envolvente ao longo das faixas.

Já de “bate-pronto” somos impactados pelo instrumental intricado, guiado por linhas de bateria tempestuosas e sincopadas, que sustentam arranjos e passagens multivariados.

Ou seja, H.U.C., faixa de abertura já irá te conquistar com seu zigue-zague entre o Power Metal e o Progressivo, adornado de forma inteligente, melódica e acima da média no quesito composição!

Nesta faixa já podemos ver que a exploração musical será indiscriminada, mas com muito feeling metálico e desenvoltura, principalmente nos refrãos marcantes.

À partir desta canção, temos uma sequência de composições de altíssimo nível, sendo que até a “vinheta” “Sir Kus” se destaca altamente, com sua impressionante veia lúdica, teatral e musical, encarnada de um espírito burlesco que também se apresentará em “Puzzler”, nesta mais voltado ao Dixieland, e em  “Yellow and Ebrium”, uma das melhores canções do álbum, que além da pegada bluesy, ainda mergulha num samba clássico numa de suas passagens.

Além do samba, a música mineira, cheia de bucolismo, tem sua marca na belíssima faixa “Pescador”, dona da arranjos que remetem diretamente ao Rock Progressivo nacional dos anos 1970. Ainda podemos enaltecer faixas como “Aquarela” (muito influenciada pelo Queen), “Radio Active” (com andamentos sincopados jazzísticos e um groove funkeado em seu desfecho), “Treasures of The World” (mais melódica) e a epopeia progressiva, cheia de nuances e melodias, apresentada em “Lake of Emotions”, que dá contornos finais ao trabalho de modo grandiloquente.

Acredito que, assim como eu, muitos ainda não tiveram a oportunidade de ouvir este trabalho, mesmo passados cinco anos de seu lançamento oficial.

Se for um destes, corra atrás do seu imediatamente, pois essa peça será lembrada como uma das obras-primas do Heavy Metal Nacional!

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