“Commando”, a Autobiografia de Johnny Ramone | Resenha

 

Johnny Ramone é um dos mais importantes guitarristas da história do rock! Uma prova está “preto no branco” em “Commando”, sua autobiografia.

Queiram ou não, ele ajudou a formatar um espirito despojado e direto de ferir as seis cordas junto aos outros nomes que completavam as formações que o Ramones teve em sua história.

Commando A Autobiografia de Johnny Ramone

Nascido John Cummings, em 1948, foi um garoto típico do Queens e um “marginal” inveterado antes de entrar no Ramones.

Roubava, agredia e depredava.

Quando pagou cinquenta dólares em sua primeira guitarra, um modelo inspirado no The Ventures e no MC5, e que seria roubada anos mais tarde em Chicago, aprendeu a canalizar sua rebeldia para a música.

Segundo suas próprias palavras, “não gostava de Blues e realmente não gostava de Jazz”, mas curtia “Chuck Berry e do Rock N’ Roll dos Rolling Stones”.

Num texto tão direto e sincero quanto sempre foram suas linhas de guitarra, Johnny conta passagens interessantes de sua trajetória, como quando esmurrou Malcolm McLaren, ou em reflexões políticas, pessoais e sobre sua carreira.

Fica claro que ele enxergava o Ramones com a mesma seriedade com que encararia uma empresa, sendo comedido até mesmo no quesito drogas e álcool.

Mesmo assim, quando começou a banda com Dee Dee Ramone (que batizou a banda inspirado pelo nome que Paul McCartney usava em hotéis, Paul Ramon) na sala de seu apartamento, ele via a música como uma possibilidade para cinco anos, nunca se supôs que a banda fosse além disso.

Mas a banda, que nos primórdios teria Dee Dee nos vocais e Joey Ramone na bateria, se tornou um dos marcos máximos da história do rock, e nas páginas deste livro Johnny, a mente pensante por trás da banda, conta o segredo:

“O que fizemos foi tirar tudo o que não gostávamos do Rock N’ Roll e usar o resto, assim, não havia influência do Blues, nenhum solo longo de guitarra, nada que atrapalhasse as canções”.

Esse caráter musical direto refletia em shows e álbuns curtos, mas intensos e energéticos, e sobre esta características ele diz: “sempre achei que você se sai melhor tocando menos tempo. Você entra com seu melhor material e deixa as pessoas querendo mais”.

Pessoalmente, fica claro que o Rock N’ Roll foi a alternativa para o futuro de um jovem americano sem perspectivas, que ingressava na classe operária e que nunca a abandonou mesmo com o sucesso de sua banda, e que sempre se manteve “durão” frente às vicissitudes que são confessadas do modo mais honesto possível nestas páginas, seja com Linda, o amor de sua vida, ou quando fala com certo pesar da sua relação com Joey Ramone, com quem os problemas começaram no primeiro álbum produzido por Phil Spector, “End of the Century”.

Como acepipes extras, ainda temos algumas listas excêntricas envolvendo beisebol, Rock N’ Roll, Política, Elvis Presley, filmes de Terror ou de Rock, livros e televisão, bem como inéditas fotos históricas e pessoais, além de depoimentos de pessoas próximas.

Todavia, o mais saboroso destes extras esteja na análise de cada um dos álbuns dos Ramones, feitas de modo mais sincero impossível.

Sobre o primeiro e histórico álbum, ele confessa:

“algumas pessoas viam-nos como personagens de rock de desenho animado, enquanto outras tentavam intelectualizar o disco, como se ele fosse um grande pronunciamento, mas para nós não era nada além de diversão e Rock N’ Roll”. 

Este livro é um registro histórico de uma parcela importante da história do Rock, pelos olhos de quem esteve lá dentro e não olhando e analisando de fora.

Acima de tudo, é o testamento de um homem que atingiu o sucesso, mas nunca perdeu sua essência e nunca pediu mais do que necessitasse.

Muito além da música, os relatos dos anos finais da vida de Johnny, que faleceu em 2004, são cheios de reflexões e lições para todos nós.

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