Judas Priest – Resenha de “Firepower” (2018)

 

Por Will Bernardes

judas-priest-firepower
Judas Priest: “Firepower” (2018, Sony Music Entertainment, Epic Records) Nota:9,5

Desde o longínquo ano de 2003, quando a tão esperada volta de Rob Halford ao grupo foi anunciada e concretizada, os fãs dos “Metal Gods” anseiam por um trabalho à altura das obras primas que marcaram época na vasta discografia dos britânicos.

Marcada pela nova fase e tentando sobreviver numa geração onde inúmeros subgêneros nasceram ganhando destaque e reconhecimento pela nova onda do Heavy Metal, o Judas Priest não alcançou um lugar de destaque dado aos fatores controversos presentes nos medianos “Angel of Retribution” (2005) e o odiado “Nostradamus” de 2008.

Uma luz de esperança se ascendeu quando, seis anos depois, a banda reformulada pela entrada do novo guitarrista Richie Faulkner no lugar de K.K Downing, se erguendo das cinzas e mostrando que ainda tinha muita lenha pra queimar com um trabalho convincente e, comparado aos discos pós-“Painkiller”, resgatou a essência “True Metal”, mesmo que timidamente. O fato é que “Redeemer of Sous” (2014) trouxe uma fagulha da grande fogueira que marcou a carreira do Judas.

O tão aguardado novo álbum que foi anunciado para 2018, trouxe uma incógnita devido ao direcionamento que seguiram após o retorno da formação clássica, contudo, o fator de destaque acerca do projeto nas rodas de conversas metálicas foram os nomes envolvidos, sendo o conhecido Tom Allom e o renomado Andy Sneap (um dos melhores produtores da atualidade) os encarregados de lapidar o trabalho.

Confira o lyric video da faixa “Never The Heroes”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=V0J3u3_800c&w=560&h=315]

Gravado no Backstage Recording Studios, do próprio Andy Sneap, “Firepower” diz a que veio e traz aos fãs o poder de fogo de que são capazes, como o próprio título sugere, com maestria e genuinidade típicas de seu legado emulando nuances de sua carreira como um todo, tanto da fase clássica quanto do direcionamento moderno dos anos 90 e 2000.

O ponto positivo segue pela pegada direta, sem experimentalismos, que tanto causou repulsa quando tentaram erroneamente aprimorar algo que já era bom, nos já citados “Angel of Retribution” e “Nostradamus”.

A trinca inicial “Firepower”, “Lightning Strike” e “Evil Never Dies” bebe da fonte do mega-clássico “Painkiller” numa combinação eloquente entre Speed Metal enérgico com o tradicionalismo das guitarras cortantes, sob o comando da linha monstruosa da bateria de Scott Travis, este que soltou a fera e trouxe aquela técnica sólida dos pedais duplos certeiros e viradas precisas nos tempos certos que marcou sua postura em meados dos anos 90.

Embora o tracklist siga uma dinâmica vigorosa elevando o peso com boas cadências e linhas vocais que remetem aos clássicos de sua carreira, um ponto que me incomoda é o número de faixas que excede a média atual de um CD equilibrado, o que traz à tona aquela controvérsia sobre uma seleção melhor de músicas que deveriam ou não entrar no álbum. Sendo a curta instrumental “Guardians” (que se aplica melhor como uma introdução à “Rising From Ruins”) e as dispensáveis “Spectre” e “Sea of Red” faixas que, ao meu ver, estão abaixo da média e poderiam muito bem ficar fora. É aquela velha característica de supostos álbuns de despedida, vide “Hardwired to Self Destruct”?

Confira o clipe de “Spectre”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=zVVrfqwA5lQ&w=560&h=315]

“No Surrender” traz um detalhe que há tempos eu não via em um álbum do Judas: refrão marcante com versos que impregnam e nos incitam a ouvi la novamente, somado aos riffs viciantes de Tipton e Faulkner. E para quem duvida que a fase obscura de Tim “Ripper” Owens não é esquecida, ouçam “Lone Wolf” e tente não lembrar dos tempos de “Jugulator” (1997), mesmo que de relance.

Em outras palavras, “Firepower” é como um carro de corrida que liga o turbo e arranca com toda sua potência motora e após o ápice de seu desempenho administra a corrida com velocidade moderada convicto de que a corrida está ganha.

Concluindo, o que temos nesse novo petardo é um disco honesto e bem arranjado nos detalhes técnicos dentro das limitações do estilo do grupo, resgatando muito do Judas Priest do passado e até mesmo da carreira solo de Rob Halford, somando os elementos à atual evolução que o grupo alcançou sem soar incongruente na proposta geral.

Um álbum que pode ser taxado como o novo clássico do milênio, mas que, mesmo com sua qualidade indiscutível e fora da curva, se encaixa mais como uma revisita à longa jornada do britânicos, seguros de que o dever foi cumprido dados aos rumores de que talvez seja seu último registro.

Destaque vai para Glenn Tipton que, mesmo diagnosticado com mal de Parkinson, se ergueu como um guerreio ferido em campo de batalha e deu o sangue para cumprir seu ótimo desempenho nas 6 cortas, como de costume.

Indiscutivelmente um álbum animal de um dos principais nomes da história do Heavy Metal. Mas não esperem por um “Painkiller parte II”.

Ouça e aprecie sem moderação!

Confira o clipe de “Lightning Strike”…[youtube https://www.youtube.com/watch?v=CUzcxJNZKC4&w=560&h=315]

Confira a faixa-título… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=6QtjdDiMLVg&w=560&h=315]

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *