Gamma Ray – Resenha de “Land Of The Free” (1995, 2017)

 
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Gamma Ray: “Land Of The Free” (earMUSIC, Shinigami Records) NOTA: 10.

E seguindo o processo de relançamentos que comemoram os vinte e cinco anos da banda Gamma Ray, chegamos um de seus melhores trabalhos: “Land of the Free”, lançado em 1995, e responsável por suceder o marcante “Insanity and Genius” (1993), o álbum onde a banda capitaneada por Kai Hansen retomava suas características principais apresentadas em “Heading For Tomorrow” (1989), e amplificava-as por uma roupagem mais encorpada e incisiva.

“Land of the Free” veio reafirmar todo aquele ecletismo metálico do álbum anterior, ainda com mais personalidade num desfile mais sóbrio da técnica instrumental presente em sua fórmula, aumentando o feeling dentro dos arranjos inteligentíssimos e multifacetados, indo além das guitarras melódicas, dos vocais vibrantes e dramáticos, e da seção rítmica coesa, com ousadia e coragem.

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Capa original de “Land of the Free”, quando lançado em 1995.

No caminho entre os dois álbuns, a banda perde uma engrenagem importante de sua máquina: o vocalista Ralf Scheepers, que esperava um convite que nunca veio para integrar o Judas Priest, substituindo Rob Halford. Mas o que seria um problema quase que insolúvel se tornou a força motriz para que o Gamma Ray chegasse à personalidade musical que culminaria em sua maior expressão musical da discografia.

Como curiosidade, simultaneamente à saída de Scheepers do Gamma Ray, Michael Kiske também se desligava do Helloween, banda a qual Kai Hansen ajudou a fundar. Logo os rumores de que Kiske seria o vocalista a substituir Ralf Scheepers se acenderam, mas foi um outro ex-vocalista do Helloween que emprestaria sua voz ao Gamma Ray: o próprio Kai Hansen!

E a voz que registrou clássicos do power metal oitentista como o EP “Helloween” (1984) e o álbum “Walls of Jericho” (1985), definindo o panorama do gênero naqueles tempos, mostrava sua força novamente, uma década depois. Praticamente, com Hansen nos vocais, a banda estabeleceu seu padrão de qualidade nestas composições de alta carga melódica, e tenaz versatilidade instrumental.

Não só isso. “Land of the Free” criou um novo padrão para o power metal melódico, que seria seguido e copiado à exaustão a partir de então. Kiske participaria do trabalho em duas faixas, “Time to Break Free” (e seu espírito rock n’ roll) e na própria “Land Of The Free” (dramática e envolvente), composições emblemáticas que mostram o alto nível criativo que o quarteto completado por Dirk Schlächter (guitarras), Jan Rubach (baixo) e Thomas Nack (bateria), experimentava naqueles tempos.

Confira a faixa “Man on a Mission”… [spotify id=”spotify:track:2mHZHLDunDvvWKt8wMYemT” width=”400″ height=”420″ /]

Um time que não se repetiria novamente na discografia de estúdio da banda e abriria espaço para a formação mais sólida  do Gamma Ray no próximo álbum, “Somewhere Out In Space” (1997), onde injetariam um pouco mais peso na fórmula de  “Land Of The Free”.

E voltando a “Land Of The Free”, o que faixas como “Rebellion in Dreamland” (a tradicional longa e épica abertura), “Man on a Mission” (acelerada e melódica), “All of the Damned” (dona de ganchos melódicos saborosos),”Farewell” (belíssima balada com Hansi Kusch, do Blind Guardian) “Afterlife” (uma emocionante homenagem ao falecido baterista do Helloween,  Ingo Schwichtenberg) operam é uma espécie de reformulação de sua estética melódica, mais linear, cativante e, por que não, acessível, bebendo na fonte de seu rico legado para se libertar das amarras tediosas da auto-repetição.

Os andamentos são inspirados e as texturas, sentimentos e timbragens intensificadas por uma produção impecável (que se tornaria padrão à partir de então para o gênero), que amplificava ainda mais a sensibilidade para melodias que a banda já apresentava em suas composições, principalmente nas linhas vocais.

Confira a faixa “Afterlife”… [spotify id=”spotify:track:43odeZISAil6BoKx9UL3Ee” width=”400″ height=”420″ /]

De fato, um dos grandes méritos de “Land of the Free” são as músicas com grandes refrãos, que cativam e assim como as pontes, são fáceis de gravar e possíveis de se cantar junto enquanto a banda delineia um contorno musical luxuriante e de alta força dramática.

A verdade é que os vocais de Hansen, mais agressivos, deram uma dinâmica mais metálica e menos régia à sonoridade do Gamma Ray. Alguns momentos soam como uma evolução da música desenvolvida nos dois registros do Helloween a contar com sua voz (“Man on a Mission” “Gods of Deliverance”, são exemplos disso).

O mais incrível ao termos esta reedição remasterizada por Eike Freese e com um CD bônus recheado de extras – como faixas instrumentais ao vivo em estúdio, um cover interessante para “Heavy Metal Mania”, do Holocaust (notória banda da NWOBHM), além de uma versão de “As Time Goes By” (de “Sign No More” [1991]), com Hansen nos vocais, e a marcante “The Silence ’95” (presente no EP “Silent Miracles” [1996]) –  é perceber como o tempo de maturação não afetou o frescor de “Land of the Free”, mesmo que seus seguidores e “imitadores” tenham saturado a fórmula desenvolvida aqui.

Confira a faixa-título… [spotify id=”spotify:track:3Js6miej1bAnV0bO7RLf6c” width=”400″ height=”420″ /]

Assim como acontecera com “Insanity and Genius”, no Brasil, este relançamento luxuoso foi, caprichosamente feito pela Shinigami Records, com encarte esmerado trazendo fotos, letras e uma contextualização histórica altamente pertinente àquele que facilmente briga dentre os três melhores discos da banda pelo posto de número um!

Mais um item O-B-R-I-G-A-T-Ó-R-I-O!!!!

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