Dimmu Borgir – Resenha de “Eonian” (2018)

 

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Dimmu Borgir: “Eonian” (2018, Nuclear Blast, Shinigami Records) NOTA:8,5

São vinte e cinco anos de história na bagagem do Dimmu Borgir, colecionando uma discografia mais do que interessante dentro do heavy metal, mesclando, desde sua gênese, aspectos do black metal com elementos sinfônicos.

A importância do Dimmu Borgir para o black metal é gigantesca, pois mudou as regras do jogo das formas norueguesas, rompendo principalmente com a estética anti-comercial.

Até então, seu mais recente álbum de estúdio, “Abrahadabra”, fora lançado no distante ano de 2010. Mas o Dimmu Borgir não ficou improdutivo neste período, e nos deu um dos grandes DVDs ao vivo dos últimos anos dentro do heavy metal, intitulado “Forces of the Northern Night” (cuja resenha completa você confere aqui) que é mais uma obra de arte nascida no seio do hibridismo entre Heavy Metal e Música Erudita .

E claramente, esse mergulho no projeto ousado de “Forces of the Northern Night” trouxe reflexos para a abordagem de “Eonian”, novo trabalho que sai no Brasil numa parceria entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast.

Primeiro álbum de estúdio em sete anos,  “Eonian” claramente aumentou os elementos sinfônicos que se tornaram marcas registradas do Dimmu Borgir, ao longo de sua evolução.

Claro que a obscuridade do black metal continua entrelaçada a esse requinte erudito, conferindo traços imponentes e movimentos épicos, extrapolando o que já era tradicional para o próprio Dimmu Borgir, em porções variadas de cada elemento ao longo das músicas que, por sua vez, giram em torno de conceitos do luciferianismo,  seus códigos filosóficos e a ilusão do tempo.

A qualidade do material é do mais alto nível, desde o trabalho em estúdio com o produtor Jens Bogren, até a belíssima capa, recheada de simbolismos que dialogam com o conceito desenvolvido nas composições.

É fato que “Eonian” tem muito potencial para ofender os tradicionalistas do metal (por mais contraditório que isso possa ser), pois a banda não seguiu pré-determinações segundo as críticas de seu disco anterior.

Até concordo que este disco está longe de ser o melhor do Dimmu Borgir, mas também se encontra equidistante do seu pior momento discográfico.

Quiçá, a maior parcela de aspectos sinfônicos do que de black metal possa justificar essa minha impressão, assim como o pendor da balança para a melodia e não para o peso.

A produção de Bogren está bem polida e os elementos do black metal disputam pedaço por pedaço pelo protagonismo com os elementos sinfônicos, isso quando não ficam em segundo plano.

Isso é um problema? Bom, se você esperava um redirecionamento da sonoridade para o que fizeram “In Sorte Diaboli”, álbum de 2007, certamente tomará um susto.

Todavia, um projeto com a magnitude de “Forces of the Northern Night” deixa marcas profundas, e claramente influenciou-os ao que ouvimos em “Eonian”, uma forma tão bombástica e dramática, ou até maior, do que a de “Abrahadabra”. 

Mas agora, com um toque sombrio interessante que remete levemente ao som da virada do milênio de bandas congêneres como Covenant e Cradle of Filth, principalmente no que tange ao atrito do climático com o metal.

Investigando a discografia do Dimmu Borgir podemos ver que desde “For all tid” (1995) a banda apresenta num disco algo que o difere dos outros, numa inquietude criativa que reuniu muitas críticas mesmo em seus melhores momentos.

Por aí, justifica isolar “Eonian” das comparações.

A nós, ouvintes, basta nos conscientizarmos do erro que é esperar que qualquer forma de arte nos sirva e não que a assimilemos como ela é (mesmo que caiamos neste pecado constantemente).

Sendo assim, “Eonian” é um bom disco, que se revela até mais atmosférico e emocional em dado momento (na ótima “Lightbringer”), e menos pesado no geral.

A marcha aqui está mais imperiosa do que agressiva, mesmo que a faixa de abertura, “The Unveiling”, em certos momentos nos prometa o contrário.

Com isso em mente, podemos ver que assim como impresso em seu legado musical, os sabores diferentes de cada disco do Dimmu Borgir são fruto de harmonizações em porções diferentes dos mesmo ingredientes.

Com “Eonian” não é diferente!

Agora os sabores mais proeminentes são progressivos (ouça “Interdimensional Summit” e “I Am Sovereign”) e melódicos (como em “The Empyrean Phoenix”) advindos, principalmente das guitarras, que com atenção podemos perceber que guiam um disco ainda mais dramático.

Isso tudo gera em “Eonian” ótimos momentos como “Ætheric” (de longe a melhor do disco, onde a fórmula musical se estabiliza), “Interdimensional Summit”, “Council of Wolves and Snakes” (com cânticos tribais bem alocados e clima sombrio e pernicioso) e a instrumental “Rite of Passage”. 

Ok! A banda se apega a uma fórmula desgastada por eles mesmos, mesmo assim, não acho que o Dimmu Borgir dê sinais de acomodação, mas busque uma forma amadurecida de se renovar dentro de sua estética luxuriante, sem perder o significado musical diabólico enquanto experimenta texturas que dialoguem com a nova geração (“Lightbringer” me pareceu uma confissão disto! Ouça seu riif de abertura e que retorna no final).

Sim, em dado momento esbarram no exagero (principalmente nos coros e vocais de segundo plano, e nas quebras climáticas de ritmo), mas nunca totalmente no erro.

Para alguns pode ser mais do mesmo dentro da obra do Dimmu Borgir, mas ouvindo com mais atenção posso garantir que existem muito mais pontos positivos do que negativos em “Eonian”.

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