Desdominus – Resenha de “Without Domain” (2003, 2017)

 
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Desdominus: “Without Domain” (2003, 2017, Heavy Metal Rock) NOTA:9,0

A banda Desdominus se destaca dentro da cena metálica nacional por praticar um som extremo sem se abster da musicalidade e da harmonia, numa alquimia sonora embasada entre brutalidade e melodia, diluída por momentos cadenciados ou mais acelerados, numa versão acachapante.

É mais fácil dizer que se enquadram no Death/Black Metal, mas pense numa música bem elaborada  por diversas texturas entremeadas na sua música naturalmente agressiva, por composições que exploraram inteligentemente a capacidade técnica dos músicos em solos brilhantes e riffs incisivos, cozinha pulsante, além das linhas vocais rasgados, bem encaixados e nada cansativos.

E este desenho musical vem bem representado numa evolução discográfica que começa com este “Without Domain” (2003), primeiro álbum da banda oriunda da cidade de Americana-SP, lançado dez anos após a sua formação, e que já carrega o status de cult por apresentar, além de uma sonoridade diferenciada e à frente de sua época dentro do gênero, uma temática iconoclasta, libertária e anti-religiosa já evidenciada no nome da banda, um claro neologismo que pode significar “sem Deus”.

“Without Domain” (2003), primeiro álbum da banda Desdominus, oriunda da cidade de Americana-SP, que já carrega o status de clássico cult dentro da cena Death/Black Metal, ganha um precioso relançamento com arte e tracklist originais, numa esmerada versão em digipack que ainda traz como bônus a demo de 1999, “Judgemente of the Souls”…

Aqui, obviamente, a banda ainda construía sua sonoridade pouco convencional dentro do Metal Extremo, com ferocidade e mais coesão após a bem sucedida demo de 1999, através de um espírito vanguardista se nos atermos à época de seu lançamento, princialmente quando percebemos que as cinco faixas se completam e encaixam num todo de alta expressão artística, construído sobre uma produção suja na medida certa e fruto de sua época, mas sem soar datada e potencializando a entropia musical da banda.

As passagens instrumentais estão intrincadas, as composições agressivas no geral e talhadas nos detalhes, com dinâmica melódica inteligente o suficiente para ser brutal e envolvente, sendo impossível não destacar a abertura tecnicamente caótica com “Supremacia Underground” (com versos em português altamente pertinentes hoje), ou no impecável trabalho de guitarras de “Opposition Warrior” que saltam do caldo equilibrado de Death e Black Metal com uma criatividade impressionantes. Sem dúvidas um dos pontos altos do álbum.

Com uma dinâmica rispidamente fascinante a faixa-título vem com a mesma agressividade caótica, mas entremeada por riffs que tangenciam o Metal Clássico, variando andamentos, abordagens e gêneros de modo fluido, inteligente e honesto.  Cabe aqui uma menção ao  alto teor poético–filosófico nas introduções, que deram um bem vindo contraste lírico à brutalidade crua das composições, bem enfatizado na reverente “False Creator’s Creator”.

Confira o álbum na íntegra… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=xngQj39543I&w=560&h=315]

“Without Domain” encerra com “The Other Side… (Atheist Mind)”, numa simplicidade musical que expõe uma grandiloquência lírica, refletindo, como um todo, o diferencial e o potencial que a banda mostraria nos álbuns “Devastating Millenary Lies” (2013) e, principalmente, no impecável “Uncreation” (2015), já com criatividade e habilidade para o peso rápido e grandioso, de bom gosto melódico.

E agora, a Heavy Metal Rock nos oferece um relançamento deste petardo com arte e tracklist originais, numa esmerada versão em digipack que ainda traz como bônus a demo de 1999, “Judgement of the Souls”, que não soa ultrapassada em sua produção crua e mais abafada (ainda assim melhor que muitas apresentadas na atualidade), ou em suas composições mais ríspidas. Todavia já tinham ali a sagacidade melódica impregnada, em alguns momentos lembrando vagamente os primórdios do Amorphis, com destaque a composições como “Reality of Whispers Mine” e a faixa-título.

Material obrigatório na coleção de qualquer um que aprecie o Metal Extremo.

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