B. B. King & Eric Clapton – “Riding With the King” | Você Devia Ouvir Isto

 

“Riding With the King”, clássico álbum fruto da parceria entre B. B. King e Eric Clapton, é nossa indicação de hoje da seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

B. B. King & Eric Clapton – “Riding With the King” (2000)

Definição em um poucas palavras:  Adulto, Grudento, Guitarra,  Pra Encher a Cara, Sentimental, Urbano.

Estilo do Artista: Blues.

B. B. King & Eric Clapton - Riding With the King
B. B. King & Eric Clapton: “Riding With the King” (2000, Reprise Records)

Comentário Geral: Me lembro perfeitamente do frisson causado no mundo da música, em especial no nicho do Blues/Rock, quando Eric Clapton e B. B. King anunciaram esta parceria. Um projeto que demorou trinta anos para sair das palavras dos encontros pelos caminhos do destino.

Eric Clapton, o deus da guitarra, era súdito do Rei do Blues,  B. B. King, o mais importante artista que o blues já produziu. Clapton, em sua autobiografia, espiritualmente infere que se a reincarnação realmente existe, Robert Johnson retornara ao nosso plano como B. B. King.

Basta se deliciar com poucos minutos da obra deste inigualável guitarrista para entender a tamanha admiração do deus da guitarra para com o Rei do Blues.

A técnica de B. B. King se mostra capaz de expressar as mais complexas e difusas emoções em acordes simples, sempre preterindo a virtuose em favor das progressões carregadas de sentimento.

A timbragem única B. B. King provém-lhe uma originalidade reconhecível ao primeiro ferimento de sua palheta numa das cordas de sua guitarra.

Esta característica rendeu a B. B. King, além de uma obra atemporal, admiradores do quilate de Eric Clapton que declarara ter aprendido a dedilhar sua guitarra ouvindo e acompanhado as rotações de seus discos.

Riding With The King era um sonho de Eric Clapton se tornando verdade e, já amadurecido musical e pessoalmente, pode, como estampam as fotos no encarte, tomar a direção do projeto para que a lenda viva, B. B. King, desfilasse sua classe musical em uma verdadeira aula de blues.

As músicas apresentadas nesta obra ímpar  trazem uma quantidade não-enumerável de riffs e solos inspirados, com arranjos de guitarra cirurgicamente alocados para dialogar de modo eloquente com as interpretações lamentosas ou maliciosas de cada um.

Além destes elementos primorosos, ainda é possível diferenciar facilmente a execução do B. B. King e de Eric Clapton dos solos dilacerantes, mostrando como a virtuose gratuita nunca suplantará a técnica em prol da emoção.  

As lições de boa música em forma de blues abarcam a maioria das formas em que estilo pode ser executado.

Temos aquela sonoridade característica do blues em mid-tempo em preciosas composições como Ridinh With The King (com Eric Clapton na primeira voz e B. B. King na segunda), Help The Poor (uma antiga canção de B. B. King que traz um forte trabalho vocal) e Days Of Old (outra velha conhecida do repertório de B. B. King, com palhetadas precisas e solos poderosos).

Os amantes do unplugged blues podem se deliciar com duas das melhores faixas do disco, Key to The Highway (a melhor interpretação desta canção de Big Bill Broonzy, com Eric Clapton e B. B. King se intercalando nos vocais e nos brilhantes arranjos acústicos) e Worried Life Blues (de Big Maceo, uma velha conhecida de Eric Clapton dos tempos de Derek and The Dominos, numa interpretação onde B. B.King busca o canto dos campos de algodão para envolver sua poderosa voz).

Nestas duas peças ao violão é nítida a diferença entre os solos rústicos de um e os dedilhados fluidos de outro.

Aquela sonoridade melancolicamente dilacerante, embebida em uísque com gelo e colorida por abajures a meia luz, se faz presente nas emocionais Ten Long Years (também do repertório de B. B. King, cuja emocionada interpretação só cabe no vozeirão do Rei do Blues), 3 O’ Clock Blues (desfilando as habilidades de ambos mostrando impiedosos trabalhos de guitarras em uma canção dilacerante) e When My Heart Beats Like a Hammer (com duelo emocionado de piano e guitarra).

Ainda temos uma corajosa interpretação de Hold On I’m Comming, de Isaac Hayes, um flerte com o hard rock em I Wanna Be (com refrão grudento e um dos melhores solos do álbum), um típico rythm & blues em Marry You (carregada de groovy e pedal wah-wah) e um belo standard com tempero jazzistico em  Come Rain, Or Come Shine (com lindo arranjo de hammond), fechando um álbum indefectível com muita classe musical.

Indispensável, não somente pelo encontro histórico, mas pela aula de bom gosto musical. 

Ano: 2000

Top 3:  Riding With The KingKey To The Highway e Ten Long Years.

Formação:  B. B. King (vocals, guitar), Eric Clapton (vocals, guita), Doyle Bramhall II (guitar, background vocals), Andy Fairweather Low (guitar), Jimmie Vaughan (guitar), Joe Sample (piano, Wurlitzer piano), Tim Carmon (organ), Nathan East (bass), Steve Gadd (drums), Susannah Melvoin (background vocals), Wendy Melvoin (background vocals), Paul Waller (programming, string arrangement)

Disco Pai: Albert King & Otis RushDoor To Door (1970)

Disco Irmão: Albert King & Stevie Ray Vaughan – “In Session” (1999). 

Disco Filho: J. J. Cale & Eric Clapton: The Road To Escondido (2006)

Curiosidades: A primeira vez que estes dois monstros sagrados da música estiveram lado a lado se deu no longínquo ano de 1967, no Cafe Au Go Go, em Nova York. À época, Eric Clapton, com vinte e dois anos, experimentava o auge do sucesso no Cream e a frase “Clapton is God”  era impressa nos muros. 

Apesar de sempre se prometerem uma experiência conjunta em estúdio, a primeira vez que Lucille se uniu a Slowhand foi no álbum Deuces Wild de B. B. King, na faixa Rock Me Baby, em 1997, trinta após o primeiro encontro da dupla. 

Pra quem gosta de: Deuses e reisuísque com gelo, abajur a meia luz, encontros históricos e carros antigos.

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