Anthrax – Resenha de “Kings Among Scotland” (2018)

 

Anthrax Kings Among Scotland DVD cover Among the Livin
Anthrax: “Kings Among Scotland” (2018, Shinigami Records, Nuclear Blast) NOTA:10

Pense bem. Qual o grande disco ao vivo do Anthrax?

“Music of Mass Destruction” de 2004?  Talvez. Afinal este disco traz John Bush nos vocais e o fãs da fase com Joey Belladona podem dizer que “Live – The Island Years” (1994) é superior, e até recorrer a “Alive 2” (2005) se o argumento produção surgir para contrapor sua primeira escolha.

Na verdade, mesmo com todas as opções que o Anthrax deu a seus fãs em questão materiais ao vivo, sempre achei que faltava-lhes um material ao vivo definitivo para chamar de seu!

Todas as bandas importantes possuem um live album definitivo,  e a  importância do Anthrax para a cena metálica, seja por clássicos do quilate de um “Among the Living” (1987), ou pelo pioneirismo nos hibridismos de metal com hip hophardcore (sem falar nas excelentes bandas de integrantes e ex-integrantes que orbitam seu legado), é gigantesca.

Enfim, ao menos pra mim, “Kings Among Scotland” veio preencher esta lacuna.

Registrado na Barrowland Ballroom, tradicional casa de shows em Glasgow, Escócia, no dia 15 de fevereiro de 2017, este “Kings Among Scotland” se faz tão importante, ao meu ver, pela performance da banda, e, principalmente, pela escolha do repertório.

Ao mesmo tempo que “Kings Among Scotland” mostra o Anthrax ainda produtivo e divulgando seu mais recente trabalho, reforça a boa fase desde 2010 e festeja os trinta anos de seu maior clássico, “Among the Livin”. Além disso, a banda esta afiadíssima!

Concordo que até aí não reside nada de mais! Mas vamos ao show, que é dividido em dois atos.

No primeiro ato o Anthrax desfila algumas composições clássicas escolhidas pelos próprios fãs.

Dentre elas estão “A.I.R” (abertura certeira),Madhouse” (um dos melhores riffs do heavy metal que ganha ainda mais potência ao vivo), “Be All, End All” (com interação emocionante do público), e “Medusa”, junto das recentes, ” Fight ´Em ´Til You Can´t “, “Evil Twin”, “Blood Eagle Wings”, e “Breathing Lightning”, essas três últimas retiradas do álbum “For All Kings”, do qual a banda estava em turnê à época.

Os mais atentos já se perguntam sobre “Indians”, “Caught In A Mosh“, “I’m the Law”.

Elas aparecem no segundo ato, dentre os melhores momentos de “Kings Among Scotland”, onde o Anthrax toca na íntegra o clássico “Among the Living” (1987), facilmente um dos 100 discos mais importantes da  história cinquentenária do heavy metal. A performance de “Indians”, especificamente, é arrebatadora.

Ou seja, além destes clássicos absolutos ainda podemos conferir “N.F.L.”, “Among the Livin”, “A Skeleton In The Closet” (declarada pelo próprio Ian como sua faixa favorita do disco), além de faixas raramente tocadas ao vivo como “One World”“A.D.I./Horror of it All”, e “Imitation of Life”, sendo executadas em tributo a um marco do thrash metal, num tom definitivo cravado pela alta energia que emana do palco, com coesão e fidelidade do Anthrax como banda nas interpretações mixadas com maestria por Jay Ruston.

As guitarras, a bateria, e o baixo estão audíveis nos detalhes e mesmo que eu prefira Jon Bush ao vivo, Belladona está em seu terreno (mesmo que sua performance em “Madhouse” seja menor), pois a banda não traz no setlist faixas que não foram gravadas por ele, e até por isso, demonstra a segurança e inteligência geradas pela sua alta experiência de palco.

Já Frank Bello (baixo) e Scott Ian (guitarra) parecem garotos no palco, mas são mestres em seus instrumentos, assim como Charlie Benante (bateria), o coração do Anthrax.

Jon Donais, segundo guitarrista que entrou na banda em 2013, substituindo Rob Caggiano, é eficiente e mostra alta técnica e feeling em seus solos.

Não “só” por isso, “Kings Among Scotland” se destaca dentre os inúmeros materiais ao vivo do Anthrax. No que tange especificamente ao DVD, a captação das imagens foi precisa, com dinâmica diferenciada, principalmente nas mudanças frenéticas entre as dezessete câmeras usadas no registro.

Claro que aí reside a mão do diretor Paul M. Green, que ainda deu toque genial nesta dinâmica ao tirar o truncamento dos cortes na apresentação.

Isso amplificou a espontaneidade do show, extrapolando organicidade e honestidade, não só nas imagens, mas também no áudio que, bem equalizado, faz rugir as guitarras thash metal do Anthrax fazendo parecer que o palco, relativamente intimista, se agigante com o tamanho das pérolas desfiladas.

Assim como a energia de Scott Ian e Frank Bello, e a precisão de Charlie Benante chamam a atenção, a nudez de efeitos de palco também, salvo pelos canhões de luz.

Todavia, aparatos de palco não fazem falta alguma, pois a competência da banda é tamanha que a experiência e a bagagem histórica de seus integrantes tornam estes artifícios distrações desnecessárias.

 “Kings Among Scotland” é tão “somente” uma banda histórica claramente se divertindo enquanto despeja heavy metal de alta octanagem no palco escocês, com domínio total do público.

O final com “Antisocial” é apoteótico, deixando a sensação de que esta celebração não é só do Anthrax, mas de todos os nomes importantes que vieram antes deles para o rock, como bem mostra a capa, uma releitura do clássico “Rock n’ Roll Over” (1976), do Kiss.

Cabe ressaltar que essa turnê tocando “Among the Living” (1987) na íntegra só foi realizada na Europa. O que torna esse material ainda mais indispensável para nós, sul-americanos. Aproveite que a Shinigami Records acabou de lançar  “Kings Among Scotland” tanto em DVD quanto em CD e adquira já!

Obrigatório!

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